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quarta-feira, 25 de maio de 2011

9ª Semana de Museus: Memórias Arqueológicas 2

A 9ª. Semana de Museus no MAC foi um sucesso. Ao longo da semana passada foram realizadas várias visitas guiadas à exposição permanente, intitulada Pré-história do Carste do Alto São Francisco.
Na sexta e sábado recebemos uma turma de alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), das áreas de história, geografia, pedagogia e licenciatura indígena.
Eles assistiram a  três palestras, que trataram do patrimônio arqueológico de nossa região e sobre pesquisas arqueológicas realizadas nos Estados do Pará e de Santa Catarina. Fizemos uma visita guiada à exposição permanente e, no dia seguinte, os estudantes puderam acompanhar os trabalhos de escavação de um sítio arqueológico pré-histórico.
A visita foi coordenada pelo prof. Pablo Lima e pela profª. Araci Coelho no âmbito de um projeto desenvolvido na Faculdade de Educação (FAE/UFMG), vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID-Capes), e que aborda o tema: Museus e Educação.

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1 e 2. Palestra em área externa do museu, sobre o patrimônio arqueológico do Carste do Alto São Francisco. 3. Os alunos participaram de uma visita guiada à exposição permanente do MAC. 4. Palestra do arqueólogo Vinícius Honorato sobre as pesquisas das quais participa no Alto Tapajós, Estado do Pará. 5. Palestra da arqueóloga Tânia Ferraz sobre as pesquisas em sambaquis do Litoral Sul de Santa Catarina. 6. Visita guiada às escavações arqueológicas do sítio pré-histórico Amargoso.

1ª MOSTRA MEMÓRIA E AUDIOVISUAL - CINEPONTO campus FUNEDI/UEMG

Gostaríamos de convidar todos a participarem da 1ª Mostra Memória e Audiovisual, que será realizada nos dias 30 e 31 de maio, às 19h, no auditório da FUNEDI/UEMG. O evento é uma realização do Cine Ponto, Cursos de História e Comunicação Social, com a participação do Ponto de Cultura Museu da Oralidade.
A mostra discutirá a relação entre a Memória e as produções audiovisuais que permeiam a sociedade contemporânea, com o enfoque nas pesquisas acadêmicas e projetos que estudam ou desenvolvem ações a partir dos registros, compartilhamentos e narrativas da memória em audiovisual, buscando compreender, dessa forma, como as imagens e sons em movimento se integram na trama das relações sociais que presentificam nossa realidade.

Cine Ponto
Ponto de Cultura de Divinópolis
Cursos de Comunicação Social e História da FUNEDI/UEMG

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terça-feira, 17 de maio de 2011

9ª Semana de Museus: Memórias Arqueológicas

A fim de participar da 9ª Semana de Museus, campanha organizada pelo IBRAM, o MAC estará de portas abertas para a realização de visitas guiadas a sua exposição, entre os dias 18 e 22 de maio. Nos dias 20 e 21 ocorrerá uma visita de uma turma de estudantes do Instituto de Educação da UFMG, organizada pelo Prof. Pablo Lima. Na sexta-feira três arqueólogos estarão realizando palestras sob o tema geral "Memórias Arqueológicas", em que serão descritas suas experiências em pesquisas na Amazônia, no Sul do Brasil e no Carste do Alto São Francisco, nossa região, em Minas Gerais.

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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Novas Escavações Arqueológicas em Pains

Teve início há duas semanas as escavações de um sítio arqueológico pré-histórico na município de Pains, o local foi possivelmente ocupado por grupos caçadores-coledores em uma época muito remota.
As escavações têm encontrado restos de fabricação de ferramentas de pedra lascada, carvões, sementes de palmáceas queimadas e camadas de solo antropogênico. Os achados ocorridos até o momento não têm grande apelo estético mas possuem alto valor científico. A pesquisa está revelando camadas arqueológicas que já foram o piso de acampamentos, mas agora estão há cerca de 40 cm de profundidade, no topo de uma colina suave, no vale do rio São Miguel. É um dos poucos sítios arqueológicos da região que não apresentam vestígios em superfície, todos estão enterrados.
O sítio foi identificado em 2009. Foi a primeira prospecção arqueológica detalhada nas áreas de campo aberto. As pesquisas arqueológicas realizadas na região são geralmente presas aos rochedos calcários. Com isso, o patrimônio arqueológico de campos abertos, cobertos por pastagens ou vegetação, é negligenciado.
A pesquisa é coordenada por Gilmar Henriques, diretor do MAC, e integra seu projeto de doutorado, desenvolvido no programa de pós-graduação do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP).

1. Execução de uma malha de sondagens com quase 200 pontos, para alocação das unidades de escavação. 2. Cada ponto foi marcado por uma bandeira, cada furo atingiu 1 metro de profundidade, todo o sedimento foi peneirado. 3. Escavação de duas unidades de m² no sítio arqueológico. Aqui pode ser vista em detalhe uma feição arqueológica com formato circular, ocasionada por um "poste" ou "pilar" de madeira, que teria existido neste ponto específico. 4. O sítio ocupa uma colina suave, as unidades foram estabelecidas segundo os resultdados quantitativos e qualitativos de cada ponto de sondagem.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Inpe confirma previsão de Amazônia mais quente e seca

Sabine Righetti
de São Paulo
A floresta amazônica ficará mais quente e com eventos naturais extremos - como grandes secas ou inundações - cada vez mais comuns. Esse tipo de projeção já vinha aparecendo em pesquisas anteriores, mas o cenário pessimista foi corroborado agora por um modelo climático mais sofisticado, levando em conta as características específicas da Amazônia.
O trabalho, feito pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pelo Centro Hadley, do Reino Unido, também incorporou na análise o ciclo do carbono e a dinâmica da vegetação diante das mudanças climáticas.
"Os modelos anteriores consideravam uma vegetação estática, que não reagia às alterações no clima", explica o climatologista do Inpe José Marengo, um dos autores. Por exemplo, na seca de 2010, estima-se que a mortalidade das árvores tenha liberado 5 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera.
O cenário agora é de mais secas no sul da Amazônia nos próximos anos e chuvas mais intensas no norte da floresta. Além disso, a mata deve ficar mais rala e aberta, processo chamado de savanização.
Tudo isso, claro, será agravado se o desmatamento não for contido. "Se o desmate aumentar, os impactos na floresta também ficarão mais intensos", diz Marengo.
Os resultados dos novos modelos sugerem que, quando o desmatamento atingir mais de 40% da extensão original da floresta amazônica, a precipitação (ou seja, o índice de chuvas) diminuirá de forma significativa no leste. Isso provocaria um aquecimento de mais de 4ºC na parte oriental da floresta, com redução significativa das precipitações na área.
Alberto César Araújo/Editoria de Arte/Folhapress

 INCERTEZAS
De acordo com Marengo, há muitas dúvidas na produção de cenários futuros. Isso porque não há como saber com precisão qual será a eficácia das políticas de redução dos impactos das mudanças climáticas ao longo dos próximos anos.
"Os tomadores de decisão precisam saber dessas previsões. É preciso reconhecer que o problema pode ter impactos na economia e sociedade", diz Marengo. Por exemplo, no caso da importante malha fluvial amazônica, "secas extremas deixarão os rios intrafegáveis. Os políticos precisam saber disso", afirma o cientista.
De acordo com o especialista, a publicação dos resultados em forma de relatório, e não em uma revista científica, como seria praxe, foi a forma encontrada pelo grupo para que a informação chegasse aos políticos.
"Aldo Rebelo [relator da proposta do Código Florestal] diz que faltam estudos científicos. Aqui temos um estudo científico afinado com a realidade nacional. A evidência está aí", conclui ele.
Vista aérea do leito seco do Rio Negro, em Iranduba. Alberto C. Araújo.2010/Folhapress
Publicado na Folha de São Paulo em 11/05/2011 - 09h13

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mostra Filatélica “SELOS EM DESTAQUE” - Edição Formiga/MG

Numa promoção dos CORREIOS/MG por meio de sua Seção de Filatelia e do Clube Formiguense de Filatelia Numismática e Telecartofilia – FORFINUTE realizar-se-á de 26 de Maio a 06 de junho/11 a Mostra Filatélica “Selos em Destaque – Edição Formiga/MG.
A Mostra é uma seleção das melhores obras de colecionadores mineiros e irá percorrer algumas das principais cidades do estado. Em Formiga, a Mostra terá a seguinte programação: Abertura Oficial: 26/05/11 às 19h30min; Visitação Pública: 27/05/11 a 06/06/2011. Solenidade de Abertura: 26/05/11 às 19h30min no Museu Municipal Francisco Fonseca, situado à Rua Governador Benedito Valadares, 130 – Centro – Formiga (MG). A programação da solenidade de abertura terá apresentação Musical da EMMEL; apresentação de Dança pela AACCF com Guilherme Moreira; composição da Tribuna de Honra; fala dos membros da Tribuna de Honra; 20h50min: Lançamento de dois selos comemorativos e Obliterações – Um selo será em comemoração aos oito anos da Forfinute e outro já definido, será alusivo ao aniversário de 22 anos do STSSF e; 21h00min está previsto o descerramento da Faixa de Abertura da Mostra.
Os parceiros na organização da Mostra em Formiga são: Secretaria Municipal de Cultura; Museu Municipal Francisco Fonseca; Associação dos Amigos da Cultura da Cidade de Formiga - AACCF; Escola Municipal de Música Eunézimo Lima - EMMEL; e Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde de Formiga – STSSF. Como co-patrocinadores a Mostra conta com: UNIMED ALTO SÃO FRANCISCO, PORTO MINEIRO DE GRÃOS e AMEP.
O objetivo principal da Mostra é contribuir com a sociedade, divulgando e incrementando a prática da filatelia, dinamizando-a e assim, facilitando a difusão e desenvolvimento cultural e educacional. A entrada é franca. Os organizadores esperam que, principalmente as instituições de ensino, agendem e levem seus alunos para apreciarem o riquíssimo acervo da Mostra e aproveitarem aquela fonte de cultura e arte.
A Mostra Filatélica Selos em destaque – Edição Formiga é uma promoção dos: CORREIOS/MG - Seção de Filatelia; Agência CORREIOS Regional Centro-Oeste; Agência CORREIOS Formiga e; FORFINUTE. Agendamento de Visitas (Escolas e ou Grupos) poderão ser feitas pelo telefone (37) 3322.5027. Para maiores informações os interessados poderão ligar ainda para (37) 9923.8122 com Paulo José de Oliveira – Curador da Mostra em Formiga.
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – Diretoria Regional de Minas Gerais está promovendo esta Mostra de Selos que acontecerá durante o ano de 2011 e ainda será mostrada nas cidades mineiras de Juiz de Fora, Poços de Caldas, Uberlândia e Uberaba. O Edital foi publicado em 01/02/11 a todos os colecionadores interessados. O formiguense e filatelista Paulo José de Oliveira, presidente do Clube Formiguense de Filatelia, Numismática e Telecartofilia – FORFINUTE foi um dos selecionados para participar da Mostra Filatélica com uma de suas coleções. A sua coleção selecionada foi “Selos do Mundo” retratando selos de vários países. A Mostra teve solenidade de abertura oficial no dia 19 de março passado no Salão Nobre dos Correios/MG na sua agência JK em Belo Horizonte/MG em comemoração ao mês do filatelista. As datas da Exposição nas outras cidades ainda serão divulgadas.

(Paulo José de Oliveira – curador da Mostra em Formiga)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Câmara deve votar nesta terça-feira novo Código Florestal

Agência Câmara

RIO e BRASÍLIA - Depois de adiar a análise do projeto , o plenário da Câmara dos Deputados pode colocar em votação nesta terça-feira o novo Código Florestal. Embora não esteja na pauta de votação, o projeto pode ser votado durante a sessão extraordinária.

INFOGRÁFICO:  Confira os principais pontos do projeto


NOVOS CRITÉRIOS : Governo negocia abrir mão de reflorestar 23 milhões de hectares 

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), se reuniu na segunda-feira com o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, no Palácio do Planalto, para tratar do tema. 
A assessoria de Vaccarezza informou que não foi possível chegar a um texto final que agrade completamente aos envolvidos no tema. Foi informado que houve avanços importantes, mas os detalhes não foram divulgados. O Ministério do Meio Ambiente preparava uma contraproposta para ser apresentada antes da votação. 
Na reunião da base aliada, que acontece no almoço de todas as terças-feiras, o assunto poderá continuar em discussão.

Líderes e ministros tentam acordo para votar hoje o Código Florestal
Líderes partidários, governo e o relator do novo Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), farão mais uma tentativa de acordo sobre os dois pontos de divergência que ainda restam sobre o texto. Está prevista para esta terça-feira uma reunião entre os ministros das áreas envolvidas com o tema - do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; da Agricultura, Wagner Rossi; e das Relações Institucionais, Luiz Sérgio - e os líderes dos partidos na Câmara que apoiam o governo. 
Um dos pontos do projeto do novo código que ainda geram polêmica entre governo e relator é a recomposição da reserva legal, a área que toda propriedade rural precisa ter de preservação de mata nativa. Ela varia de 20% a 80% do tamanho do terreno, dependendo da região do país. Com a nova lei, quem desmatou essa reserva além do que é permitido vai ter de replantar até o terreno ficar com a quantidade de vegetação nativa que tinha em 2008. 
Aí está a divergência: o deputado Aldo Rebelo diz que propriedades com até quatro módulos fiscais seriam perdoadas dessa obrigação. Já o governo quer que só agricultores familiares sejam isentos. 
O outro ponto de discordância é quanto à recomposição da vegetação ao redor dos rios considerados pequenos - com até 10 metros de largura. A lei atual diz que é preciso haver 30 metros de mata em cada margem do rio. O relator do Código Florestal propõe que os produtores que desmataram essa faixa tenham de replantar 15 metros. Já o governo quer que os proprietários de terra replantem todos os 30 metros, exceto os produtores familiares. 
A proposta tramita na Casa há 12 anos.

Leia mais em O Globo

Publicada em O Globo em 10/05/2011 às 09h00m
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Brasileiro ensina povos da Amazônia a usar GPS e fazer mapas

Reinaldo José lopes
Editor de Ciência

Por promover a união improvável entre o conhecimento tradicional de grupos amazônicos e as modernas técnicas de mapeamento por satélite, um antropólogo brasileiro acaba de receber um prêmio de US$ 100 mil da Fundação Ford, sediada nos EUA. 
Alfredo Wagner de Almeida. Divulgação
"Muita gente acha que a Amazônia é um caos fundiário, mas não é bem assim", disse à Folha Alfredo Wagner Berno de Almeida, pesquisador da Ufam (Universidade Federal do Amazonas). "A verdade é que essas comunidades organizam muito bem seu território. E os mapas que ajudamos a editar expressam essa racionalidade." 
Esse é basicamente o trabalho que levou à láurea concedida a Almeida e seus colegas: editar mapas. 
O projeto do grupo, batizado de "Nova Cartografia Social da Amazônia", ensina indígenas, quilombolas e outros grupos tradicionais a empregar o GPS e técnicas modernas de georreferenciamento para produzir mapas artesanais, mas bastante precisos, de suas próprias terras
Desde o lançamento, em 2005, cerca de 120 fascículos desse mapeamento já foram publicados (alguns com comunidades tradicionais de outras regiões do Brasil). 
A intenção dos pesquisadores é entender como esses grupos usam seu espaço e organizam, em alguns casos há milênios, o uso dos preciosos recursos naturais da região. 
Os mapas também ajudam a entender como essas identidades colidem com a urbanização e a expansão da fronteira agrícola na Amazônia, e a auxiliar as comunidades a demonstrar os direitos sobre seu território tradicional
"Existe hoje uma pressão grande para a formalização do mercado de terras na Amazônia. A regularização é fundamental, mas às vezes não leva em consideração esses povos tradicionais", diz o antropólogo, nascido em Minas Gerais e com doutorado no Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
Nesse trabalho, o grupo de mais de 70 pesquisadores, entre antropólogos, economistas, biólogos e agrônomos, também pode constatar como essas identidades estão se transformando. 
Uma das situações emergentes são os índios urbanos --36 mil deles só na capital amazonense. Sintomático desse fato é que o grupo tenha ajudado na demarcação da terra indígena do município de Rio Preto da Eva (AM) --uma terra indígena urbana. 
A equipe já era apoiada pela Fundação Ford. O prêmio desta semana integra o "Visionaries Award" (Prêmio Visionários), dado a "12 inovadores sociais cuja visão extraordinária e trabalho corajoso estão melhorando a vida de milhões de pessoas", diz a fundação em comunicado. 
Para Almeida, é importante reconhecer o sucesso dessas comunidades como modelos de gestão responsável dos recursos naturais. 
Muitos céticos dizem que esse uso sustentável teria mais a ver com falta de alternativas econômicas, e que essas pessoas não hesitariam em deixar seu modo de vida ancestral se tivessem acesso a hospitais, educação e lazer urbanos. Ele discorda. 
"Percebemos que muitas dessas pessoas preferem uma vida com menos conforto material mas com uma rede de proteção social forte, e com autonomia sobre suas vidas, em vez de simplesmente decidirem virar assalariados."

Publicado na Folha de São Paulo em 09/05/2011 - 15h40

Norte de MG pode virar deserto dentro de 20 anos

Raphael Veleda
de Belo Horizonte
Um terço do território de Minas Gerais pode virar "deserto" em 20 anos. A conclusão é de um estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente ao governo mineiro e concluído em março. 
O desmatamento, a monocultura e a pecuária intensiva, somados a condições climáticas adversas, empobreceram o solo de 142 municípios do Estado.

 Leia na Folha:  Extração agressiva deve continuar na região mineira

Se nada for feito para reverter o processo, de acordo com o estudo, essas terras não terão mais uso econômico ou social, o que vai afetar 20% da população mineira. 
Isso obrigaria 2,2 milhões de pessoas a deixar a região norte do Estado e os vales do Mucuri e do Jequitinhonha.
"A terra perde os nutrientes e fica estéril, não serve para a agricultura nem consegue sustentar a vegetação nativa", afirma Rubio de Andrade, presidente do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas, responsável pelo estudo. A região engloba cerrado, caatinga e mata atlântica.
Segundo o governo do Estado, é preciso investir R$ 1,3 bilhão nas próximas décadas para frear o processo, que já causa danos no semiárido mineiro. Lá estão 88 das 142 cidades consideradas suscetíveis à desertificação.

Editoria de Arte/Folhapress

Vladia Oliveira, professora do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará, disse que áreas desertificadas são diferentes de desertos naturais porque passam por um acentuado declínio de biodiversidade até se tornarem estéreis. "Já os desertos são ecossistemas com sustentabilidade, ainda que com baixa diversidade. Eles estão vivos."

PROGRAMA NACIONAL 
O estudo foi encomendado para o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação, que terá R$ 6 milhões neste ano para combater a desertificação no país. 
Andrade diz que, para reduzir o fenômeno, é preciso aumentar as reservas naturais de vegetação e recuperar os recursos hídricos. 
O agricultor Geraldo Moreno, 50, dono de três hectares em Espinosa (700 km de BH), já sente as mudanças em sua pequena lavoura de feijão. "Se der para [alimentar] a família dá para comemorar", diz ele, que sustenta mulher e quatro filhos com a terra.
"Aqui não chove quase nada e não tenho dinheiro para adubar a terra. O que salva são as cabras, mas estão magras", diz o mineiro, que recebe verba do Bolsa Família para complementar a renda. 
O governo pretende reduzir o espaço destinado ao gado nas áreas de caatinga e restringir atividades prejudiciais ao meio ambiente, como a extração de carvão. 
"A população tem de se conscientizar de que, se essas ações não forem tomadas, nada mais poderá ser produzido", diz Andrade.

Publicado na Folha de São Paulo em 09/05/2011 - 10h43

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Depois de uma década na Câmara, novo Código Florestal deve ser votado esta semana

Ivan Richard e Iolando Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Edição: Lana Cristina

Brasília – Em tramitação na Câmara dos Deputados há quase 12 anos, o projeto de lei do novo Código Florestal deve ir à votação no plenário da Casa, na terça-feira (3). A maioria dos líderes partidários e o próprio presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), são favoráveis à votação mesmo persistindo divergências em torno do relatório apresentando pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). 
Depois de diversas rodadas de negociação com ministros, ambientalistas, representantes dos produtores rurais e da comunidade científica, Rebelo prometeu divulgar amanhã (2) as alterações feitas em seu relatório conforme as reivindicações dos diversos setores. 
“Vamos continuar conversando e nos aproximando do acordo ideal que deverá ser anunciado na próxima segunda-feira”, disse Rebelo à Agência Brasil. Entre os pontos mais polêmicos que ainda não foram sanados, estão a obrigatoriedade da reserva legal na pequena propriedade de até quatro módulos fiscais e a redução do tamanho de área de preservação permanente (APP) em torno dos rios. 
“Teremos a possibilidade de resolver, no acordo, o que for possível. E o que não for possível será decidido pelo plenário”, afirmou Rebelo. O presidente da Câmara e diversos líderes entendem que, nos pontos em que não houver consenso, a decisão será tomada pela maioria do plenário
Contrários à votação na semana que se inicia estão o PT, o PV e o P-SOL. O líder petista, Paulo Teixeira (SP), defende que, após a apresentação do texto final de Rebelo, seja concedida uma semana para que os partidos analisem as alterações. Já o PV e o P-SOL, com apoio da comunidade científica, querem mais tempo para aprofundar as discussões. 
Cientistas entregaram, na semana passada, ao presidente da Câmara e a Rebelo, um documento com propostas da comunidade científica e também com a sugestão de que o debate seja ampliado em mais dois anos. Mesmo com os apelos, as lideranças políticas mantiveram a votação para esta semana. 
Segundo o presidente da Câmara, o início da discussão e votação do novo Código Florestal será mesmo na terça-feira à noite, logo após a sessão do Congresso Nacional. Como se trata de assunto complexo, a conclusão da votação, na expectativa de Maia, é que ela só seja concluída na quarta-feira (4). 
Se for aprovado na próxima semana, o texto seguirá para análise dos senadores. Caso o texto seja alterado no Senado terá, obrigatoriamente, que passar por nova votação na Câmara dos Deputados. 
Setores ligados aos ruralistas temem que a aprovação do projeto de lei ocorra depois do dia 11 de junho, quando expira a validade do decreto assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que estipula multa para aqueles que não tiverem averbado as áreas de preservação em suas propriedades, a chamada reserva legal. A averbação é feita em cartório e dá publicidade, eficácia e segurança jurídica ao ato de registro da área de reserva legal, porção da propriedade, com exceção da área de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais. 
Segundo cálculos do setor do agrícola, mais de 95% das propriedades do país estão hoje em situação irregular. Já os ambientalistas argumentam que não há necessidade de aprovar as mudanças no Código Florestal rapidamente porque a presidenta Dilma Rousseff poderá, assim com Lula, editar novo decreto prorrogando os prazos para o cumprimento da legislação ambiental.

Publicado na Agência Brasil  em 01/05/2011 - 15h08