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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Vem aí o 8º Encontro Estadual de Museus de Minas Gerais

8° Encontro Estadual de Museus de Minas Gerais, evento promovido pela Secretaria de Estado de Cultura/MG e Superintendência de Museus e Artes Visuais, será realizado nos dias 29 e 30 de setembro de 2015, no teatro da Biblioteca Pública Luiz de Bessa, em Belo Horizonte/MG.  
Com o temática Arquitetura de Museus, a edição de 2015 do Encontro Estadual de Museus de Minas Gerais,tem como objetivo ampliar e possibilitar o diálogo do arquiteto com os profissionais envolvidos no âmbito museológico nas construções e adaptações de espaços de museus, e discutir as necessidades do campo que circunda o tema: o planejamento dos espaços, a metodologia dos projetos a serem executados, além de sua manutenção e a sustentabilidade.
Pretende também, abordar nas quatro mesas redondas previstas para os dois dias do evento, questões como: a formação dos profissionais envolvidos nos projetos dos museus, experiências diversas de equipes interdisciplinares e a relação do edifício com o seu acervo.
Programação:
29 de setembro – Terça-feira
Mesa 1 – Arquitetura de Museus
Mesa 2 – A formação na arquitetura de Museus
30 de setembro – Quarta-feira
Mesa 3 – Projetos Arquitetônicos de Museu: metodologias e interdisciplinaridade
Mesa 4 – Arquitetura e acervo: possíveis interfaces
Em breve encaminharemos a programação completa do evento e a ficha de inscrição.
Angelina Gonçalves
Assessora de Comunicação - Conrerp 3ª / 928
Superintendência de Museus e Artes Visuais
Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais
Av. João Pinheiro, 342 - Funcionários
30.130-180 - Belo Horizonte - MG
Tel: (31) 3269-1109 / 8876-8987

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ossadas humanas pré-históricas retornam a Pains

Reconstituição fisionômica de Luzia,
por Richard Neave (LEEH/IBUSP)


Em julho passado, uma equipe do MAC esteve no  Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH) do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IBUSP), a fim de realizar o traslado dos restos esqueletais provenientes de dois sepultamentos pré-históricos escavados no sítio arqueológico Loca do Suim.

A Loca do Suim é uma gruta situada no Morro da Menina, uma enorme formação calcária, um marco de paisagem, localizada na zona rural do município de Pains - MG. O sítio foi alvo de escavações arqueológicas entre os anos de 2003 e 2005, no âmbito de um projeto de mestrado desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Arqueologia do MAE, Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (clique aqui).

Estas escavações resultaram na coleta de material lítico, ossos de pequenos animais, sedimento arqueológico e dois sepultamentos humanos. Não havia, à época destas escavações, um museu que pudesse receber estes esqueletos, seja na região de Pains, seja no Estado de Minas Gerais. Foi quando o Prof. Walter Neves, coordenador do LEEH/IBUSP, aceitou receber e guardar os restos ósseos coletados na Loca do Suim. E não apenas isso, foi feita a curadoria e análise de todo o material, a fim de se identificar o número mínimo de indivíduos, seu sexo e a presença de patologias ósseas. Tais procedimentos foram descritos e tiveram seus resultados sintetizados em um relatório de curadoria produzido pelo LEEH¹.

Clique na imagem para ampliar. 1. Planta baixa e perfil longitudinal da entrada da Loca do Suim, zona abrigada que guarda a totalidade do registro arqueológico identificado neste sítio. 2. Foto tomada na direção norte e que apresenta a área do sítio que foi alvo de escavações arqueológicas. 3. Pesquisadores trabalham na "Área 1". 4. Aspecto da escavação da "Área 1", da qual foram retirados os dois sepultamentos humanos pré-históricos.

Ambos os sepultamentos estavam muito fragmentados. Devido a sua antiguidade, comentada abaixo, estas estruturas arqueológicas, os sepultamentos, foram perturbados por eventos pósdeposicionais. Não há, por exemplo, crânios estruturados, mas apenas fragmentos. A curadoria constatou que em um dos sepultamentos, o Sep-I, haviam ossos de quatro indivíduos. Dois adultos: um homem com cerca de 20 anos de idade, e uma mulher com cerca de 45 anos de idade; além de duas crianças: um recém nascido e uma criança com cerca de 5 anos de idade. O esqueleto da mulher, denominado Sep-IB, é peculiar, pois foi cremado. Segundo o bioantropólogo André Strauss, que visitou o MAC há alguns meses, tais restos esqueletais constituem um dos mais antigos registros materiais de cremação do continente sul-americano. Já no outro sepultamento, o Sep-II, foram encontrados os restos esqueletais de apenas um indivíduo com cerca de 23 anos de idade, não tendo sido possível determinar seu sexo.

(LEEH/IBUSP)
(LEEH/IBUSP)
O LEEH custeou ainda duas datações radiocarbônicas, feitas a partir de fragmentos de ossos de ambos os sepultamentos. As amostras foram enviadas para o laboratório Beta Analytic, sediado na cidade de Miami, Estado da Flórida, nos EUA. O sepultamento I (Sep-I) teve sua datação radiocarbônica mensurada em 7.440 ± 50 antes do presente (AP) e a datação do sepultamento II (Sep-II) foi mensurada em 7.530 ± 50 AP. Ambas as datas foram calibradas, método que cruza os resultados das datações com um quadro cronológico da flutuação dos níveis do elemento químico Carbono 14 (C¹⁴) na atmosfera, permitindo relocar as datas para um marco temporal mais preciso. Pois essa calibração recuou as datas dos dois sepultamentos: ao Sep-I foi atribuída uma idade situada entre 8.160 e 8.360 anos e ao Sep-II foi atribuída uma idade situada entre 8.200 e 8.400 anos AP.

Todo este importante patrimônio cultural arqueológico foi trasladado para o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC), na cidade de Pains - MG, aonde permanece depositado na reserva técnica destinada exclusivamente a materiais arqueológicos orgânicos, sala permanentemente fechada e climatizada. Quando a equipe do MAC foi buscar o material arqueológico na cidade de São Paulo -SP, ela teve a oportunidade de conhecer as instalações do LEEH e a exposição sobre evolução humana exibida nos corredores do IBUSP. Foi possível conhecer sepultamentos humanos pré-históricos que foram escavados no município de Lagoa Santa - MG, e que atualmente estão sob análise e estudo no LEEH. Foi mostrado também o esqueleto de uma preguiça gigante, animal extinto há milênios, da espécie Cantonyx cuvieri, que fora meticulosamente escavada e coletada no sítio paleontológico Gruta Cuvieri.

Clique na imagem para ampliar. 1. a 3. Imagens do LEEH/IBUSP. 1. O pesquisador técnico Max Ernani se debruça sobre um esqueleto humano pré-histórico escavado no município de Lagoa Santa - MG. 2. e 3. Esqueleto de uma preguiça terrícola, gigante, pleistocênica, da espécie Cantonyx cuvieri, meticulosamente escavada e coletada no sítio paleontológico Gruta Cuvieri, a qual foi redescoberta e pesquisada pelo LEEH, no município de Lagoa Santa - MG. 4. Os dois sepultamentos pré-históricos da Loca do Suim estão agora depositados na reserva técnica do MAC, exclusiva para materiais arqueológicos orgânicos, ela permanece fechada e climatizada.
G. H.


¹ STRAUSS, André. M. & GLÓRIA, Pedro J. T. Relatório de Curadoria: esqueletos da Loca do Suim, Pains - MG. São Paulo: LEEH/IBUSP, 2007. In: KOOLE, Edward K. M. Pré-história da Província Cárstica do Alto São Francisco, Minas Gerais: a indústria lítica dos caçadores-coletores arcaicos. Anexo à dissertação de metrado. São Paulo: MAE/USP, 2007. p. 128-39.

Leia Também:
NEVES, Walter & PILÓ, Luís B. O Povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. São Paulo: Globo, 2008. 333 p.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

UMA SARAIVADA DE [pontas de] FLECHAS!!!

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Na semana passada uma equipe do MAC esteve na cidade de Poços de Caldas - MG, para receber uma coleção de artefatos arqueológicos indígenas, pré-históricos, reunida por Rodrigo Ferreira, que trabalha no comércio local e é estudante universitário (ft. 1).

Rodrigo nos contou que durante sua infância e adolescência, passadas no município de Areado - MG, em saídas para pescar, na zona rural, sempre se deparava com certos locais aonde via aflorar pedras estranhas, com formatos diferentes do usual. Algumas delas, pequenas e pontudas, seu pai atribuía a "bugres antigos", que teriam habitado a região; outras, maiores e rombudas, eram atribuídas por vários moradores locais aos raios e trovões, "pedras de raio" diziam, raios e trovões que voltavam para resgatar suas crias, sete anos passados desde sua chegada à terra.

Mas a despeito dos vaticínios de seus vizinhos, Rodrigo foi guardando, peça a peça, ponto a ponto, cada estranheza que notava, ao longo de oito anos. Mirou no que viu. Já na graduação, cursando História, ao entrar em contato com o Prof. Alexandre Robazzini, da UNIFEOB, arqueólogo, aprendeu mais sobre o tesouro que guardava. As pontas de flecha poderiam ter uma antiguidade superior a sete milênios, e as pedras de raio, eram machados de pedra polida, de povos agricultores, que produziam cerâmica, e que habitaram as regiões do sul de Minas e norte de São Paulo, em datas que variam entre os séculos X e XVII da era cristã. Acertou no que não viu.

Aconselhado por seu professor, Rodrigo decidiu contatar o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC), para doar toda a coleção que reunira. Foram alguns meses de conversação que culminaram no traslado do material, que ora se encontra em nossa reserva técnica. Na oportunidade, enfatizamos a necessidade de proteção dos sítios arqueológicos, jazidas de conhecimento que devem permanecer intocadas, até que pesquisas científicas, levadas a cabo por profissionais de arqueologia, possam ser executadas. Quanto a esse ponto, ele se mostrou plenamente de acordo, afirmando que realmente não tinha qualquer informação sobre a proteção sobre tais locais, até que veio a estudar História e ter contato com o Prof. Robazzini, que também já o teria advertido sobre a necessidade de cessar e desencorajar qualquer tipo de coleta amadora.

A coleção conta com mais de treze dezenas de exemplares de pontas de flecha, produzidas através do lascamento bifacial de vários tipos de rochas cristalizadas: quartzos, quartzitos, sílex, etc (ft. 4). Há diferentes formas deste artefato, uma em especial, muito rara, possui formato foliáceo, ao modo de um triângulo isósceles, sem pedúnculo, com a borda de encaixe côncava e as bordas laterais convexas (ft. 5). Há um pequenino pingente de rocha polida, com o furo, perfeito, para passar um cordão (ft. 3). A coleção conta ainda com lâminas de machado polido (ft. 2), uma delas com 6 cm de tamanho e outra com 27 cm, maceradores (mãos de pilão), um fuso cerâmico, e alguns outros artefatos.

Todo o conjunto de peças está depositado na reserva técnica do MAC e passa por uma curadoria no laboratório de Arqueologia. Rodrigo manifestou a intenção de utilizar as informações obtidas com o estudo destes acervo, e de seu sítio arqueológico de origem, para elaborar seu trabalho de conclusão de curso (TCC), o que exigirá sua vinda ao museu para participar de algumas atividades. O próximo passo é conseguir levantar o ponto de origem de cada uma das peças. E que ressoem os trovões...

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G. H.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Arqueologia: A Cidade Como Artefato

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A Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro em parceria com o Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas | EBA/UFRJ convidam a todos para a sua segunda série de palestras em agosto, intitulada "ARQUEOLOGIA: a cidade como artefato - paisagem e patrimônio".
  
Maiores Informações:
Paisagens Híbridas (clique aqui)