Modelo 3D - Cálice funerário Jê

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Museu recebe visita de integrantes do IEF

  
No último dia 09, o MAC recebeu a visita de 25 integrantes do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF), que atuam na região do Alto São Francisco. O grupo participou de uma visita guiada à exposição permanente do museu, denominada: "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", na qual os visitantes tiveram um contato direto com vários objetos e materiais coletados em escavações arqueológicas de nossa região.
  
Na sala de audiovisual o grupo assistiu a uma palestra que discorreu sobre a arqueologia regional do Carste do Alto São Francisco e as ações do Museu Arqueológico do Carste, desde sua inauguração no ano de 2010. A apresentação se centrou sobre a importância da paisagem cárstica para as pesquisas arqueológicas executadas na região, e sobre a importância da Arqueologia na construção do conhecimento sobre a História Indígena no Brasil.
  
Recordações do Museu:
     
Slides da palestra sobre a Arqueologia
Regional e as ações do MAC.
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Guia da exposição permanente do MAC.
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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Museu recebe a visita de alunos da FASF, da cidade de Luz

O MAC recebeu, em 15 de novembro, a visita de 15 alunos de graduação da Faculdade de Filosofia e Letras do Alto São Francisco (FASF), instituição educacional sediada na cidade de Luz - MG. A visita foi organizada pelo professor Miguel Ângelo.

No museu o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", na qual os estudantes tiveram um contato direto com vários objetos e materiais coletados em pesquisas arqueológicas realizadas em nossa região. Após a visita guiada, a turma foi encaminhada para a sala de áudio visual do MAC, aonde o arqueólogo Gilmar Henriques lhes apresentou uma palestra sobre a arqueologia regional do Carste do Alto São Francisco, e as ações que vem sendo realizadas no MAC, desde sua fundação.

Após a estada no MAC, o grupo empreendeu ainda uma atividade de campo, visitando as paisagens cársticas do vale do Ribeirão do Patos, na região da Gruta do Brega, zona rural do município de Pains - MG.

Clique na imagem para ampliar. Exposição permanente do MAC. 1. Sala introdutória, com colar indígena arqueológico. 2 e 4. Sala das cerâmicas indígenas arqueológicas. 3. Sala do simbólico, reprodução fotográfica do painel rupestre do sítio arqueológico Posse Grande. 4. Sala da Geoarqueologia: o Carste do Alto São Francisco em mapas, desde o século XVIII até o século XXI d.C.
     
Slides da palestra sobre a Arqueologia
Regional e as ações do MAC.
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Guia da exposição permanente do MAC.
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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

MAC participa do Projeto Educar em Pains

Em 20 de outubro passado o MAC participou do Projeto Educar, na cidade de Pains - MG. Ele consiste em um programa de Educação Patrimonial que é sugerido aos municípios de Minas Gerais pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA/MG). A adesão do município de Pains foi feita pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura, aonde é coordenado pela educadora Renata de Paula. São várias as ações realizadas ao longo desse ano de 2015: aulas introdutórias, palestras temáticas sobre patrimônio cultural local, votação da comunidade para eleger um tema de estudo (clique aqui), visita a bens culturas do município, realização de feira de cultura, etc.

Clique na imagem para ampliar. A educadora Renata de Paula faz uma apresentação a estudantes da Vila Costina, discutindo as noções de patrimônio cultural e a importância do patrimônio cultural de Pains para seus moradores.

A participação do museu foi no sentido de reforçar a importância do patrimônio cultural arqueológico identificado e estudado no sítio arqueológico Gruta do Marinheiro que, apesar de estar na zona rural do município de Pimenta, fica muito próximo ao Distrito da Vila Costina, que por sua vez fica na zona rural do município de Pains. O arqueólogo do MAC, Gilmar Henriques, juntamente com a educadora Renata de Paula, montaram uma palestra com o tema: "O que é patrimônio cultural, porque conhecer e cuidar?". Ela foi apresentada no Colégio Estadual Pe. José Venâncio, pela manhã e pela tarde, a estudantes do Ensino Médio e Fundamental, e que são moradores no Distrito da Vila Costina. Depois das palestras, cada grupo de estudantes participou de uma visita guiada à exposição permanente do MAC, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", aonde puderam conferir as 70 pontas de flecha coletadas em escavações na Gruta do Marinheiro.


Clique na imagem para ampliar. Localização do sítio arqueológico Gruta do Marinheiro, na região da Vila Costina, no vale do Ribeirão dos Patos, zona rural do município de Pimenta - MG, no território do Carste do Alto São Francisco. Modificado do Google Earth e Wikimedia Foundation.

Clique na imagem para ampliar. Mapeamento da Gruta do Marinheiro, na qual podem ser vistas as respectivas localizações das escavações arqueológicas e do painel de gravuras rupestres. O mapa foi feito por espeleólogos da cidade de Pains, desenho de Fabrício Hendrigo.
 
A Gruta do Marinheiro é um sítio arqueológico multicomponencial, que ocupa uma cavidade natural situada no topo de uma colina suave, em cujo flanco afloram formações rochosas de calcário, no vale do Ribeirão dos Patos, zona rural do município de Pimenta - MG. Ele tem cerca de 700 m² de área abrigada, além de zonas a céu aberto e condutos subterrâneos. É o maior sítio pré-cerâmico da região do Carste do Alto São Francisco. Foram escavados 20 m² de sua superfície, resultando em dezenas de milhares de peças líticas - ferramentas e refugo de atividades de lascamento de rochas variadas - dois sepultamentos humanos secundários, ossos de animais, amostras de solo arqueológico e carvões.
 
Clique na imagem para ampliar. 1. Escavações arqueológicas na zona abrigada da Gruta do Marinheiro. 2. e 4. Praticamente todas as pontas de flecha líticas foram encontradas nos setores Sul e Norte da Escavação 3 (Esc. 3). 3. Todo o sedimento foi cuidadosamente peneirado para resgatar pequenos vestígios arqueológicos.
 
A Gruta do Marinheiro guarda ainda uma preciosidade: um painel de arte rupestre composto por gravuras pré-históricas. As gravuras foram produzidas pela ação percussiva, contínua e puntiforme  de um cinzel de pedra, ou alguma ferramenta do tipo, resultando em figurações lineares, "abstratas", em baixo relevo. Não há datações diretas para tais gravuras, mas, geralmente, registros semelhantes, conhecidos no Estado de Minas Gerais, são atribuídos a grupos caçadores-coletores muito antigos (clique aqui e aqui). Sendo assim tais gravuras podem ter milhares e milhares de anos de idade. É um registro arqueológico muito raro. Para se ter uma ideia, em todo o Carste do Alto São Francisco, ao longo de 1.500 km², é conhecida apenas uma dezena de sítios arqueológicos com presença de arte rupestre indígena.

Clique na imagem para ampliar. 4. Painel com arte rupestre da Gruta do Marinheiro. 5 e 6. Contém gravuras, figuras lineares, feitas em baixo relevo, utilizando a técnica do picoteamento.
  

Datações radiocarbônicas da Gruta do Marinheiro.
Praticamente a totalidade das pontas de flecha líticas, coletadas na Gruta do Marinheiro, provêm das PartesSul e Norte da Escavação 3 (Esc. 3) - , em uma faixa estratigráfica que vai desde a superfície até 70 cm de profundidade. A maior parte das pontas foi encontrada nas camadas estratigráficas mais profundas do sítio arqueológico, que foram datadas em mais de 9.000 anos "antes do presente" (AP).

O local parece ter sido um ponto de produção, acabamento e, talvez, troca de artefatos entre grupos caçadores coletores do período Arcaico. A coleção de pontas de projétil, encontradas no local denotam esmero técnico, pode se dizer que algumas delas exigiram um verdadeiro trabalho de lapidação, para que atingissem propriedades de simetria e balística que fossem satisfatórias.

Depois de ter sido estudado por um projeto de Mestrado e outro, de Doutorado, ambos desenvolvidos pelo arqueólogo Edward Koole, no Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), todo o acervo arqueológico coletado na Gruta do Marinheiro foi guardado no Museu Arqueológico do Carste (MAC), em Pains. A coleção de pontas de projétil passou por uma curadoria e foi integrada à exposição permanente do museu, e atualmente pode ser vista diariamente pelo público.

Clique na imagem para ampliar. Depois de passarem por um trabalho de curadoria e análise tecno-tipológica, as pontas de flecha foram guardadas no MAC, aonde passaram por um processo de musealização, hoje elas estão expostas ao público na exposição permanente do museu. Imagem da esquerda extraída de Koole, 2007.

Para saber mais:
KOOLE, Edward.
Entre as tradições planálticas e meridionais... Tese de doutorado. São Paulo: MAE/USP, 2014. 416 p. (Para acessar clique aqui)
Pré-História da província cárstica do Alto São Francisco, Minas Gerais: a indústria lítica dos caçadores-coletores arcaicos. Dissertação de Mestrado. São Paulo:
MAE/USP, 2007. 156 p. (Para acessar clique aqui)
     

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Museu recebe a visita da E. E. da Vila Boa Vista, de Arcos

No último dia 09, o MAC recebeu a visita de 27 alunos do 7º. ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual da Vila Boa Vista, da cidade de Arcos - MG. A visita foi organizada pelos professoras Ezequiela e Fabiana.

No museu o grupo participou de uma visita monitorada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados".

Clique na imagem para ampliar. 1. Turma do 7º. ano em frente à sede do museu. 2. Sala da cerâmica indígena arqueológica. 3. e 4. Sala dos símbolos: registro fotográfico das pinturas rupestres do sítio arqueológico Posse Grande, situado em Arcos (3); grande urna funerária do sítio arqueológico Ninhal, situado em Iguatama (4).
 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Extensão Profissional em Gestão do Patrimônio Cultural

Clique na imagem para ampliar.
Texto: ONG Ponto Terra
Finalmente, o primeiro de muitos cursos que serão realizados pela ONG Ponto Terra, com a proposta de “Extensão Profissional em Gestão do Patrimônio Cultural no Licenciamento Ambiental de Empreendimentos: Patrimônio Material e Imaterial”. Este primeiro curso será ministrado pelo Professor Alexandre Delforge. 

Cada curso terá a carga horária de 20 horas e serão divididos por temática. O aluno interessado poderá realizar um curso isolado, uma temática ou todas as temáticas, recebendo certificados de 20 horas por curso avulso, 80 horas, 120, 180, 360 ou 420 horas.

A proposta completa do curso é:

Área 1 - Patrimônio Arqueológico no licenciamento (180h):
História da Arqueologia
Gerenciamento do P.A.
Patrimônio cerâmico: caracterização e preservação.
Patrimônio em Arte Rupestre: caracterização e preservação.
Patrimônio Lítico: caracterização e preservação.
Patrimônio Arqueológico Histórico: caracterização e preservação
Patrimônio Histórico Industrial: caracterização e preservação.
Critérios de recuperação de áreas degradadas.
Visitação aos sítios arqueológicos.

Área 2 - Patrimônio Imaterial no Licenciamento (100 h):
Caracterização do patrimônio Imaterial
Gerenciamento do PI
Legislação do PI -0 Estadual (MG)l e Federal
Visitação a grupos culturais registrados
Estudos de caso

Área 3 - Patrimônio edificado (140h):
Caracterização do PE
Gerenciamento do PE
Patrimônio móvel ou integrado caracterização e gerenciamento
Princípios de Restauro arquitetônico
Princípios de Restauro de Obras de Arte
Legislação do PE e do PMI - Estadual (MG) Municipal (BH) e Federal.
Visitação a Núcleo urbano tombado e a imóvel tombado isoladamente. (80 h)

Contamos com vocês!

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Curso de desenho para arqueólogos

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terça-feira, 6 de outubro de 2015

Expansão do Museu

G. H.
 
Em 28 de setembro tiveram início as obras de expansão do Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC). A Prefeitura Municipal de Pains está pavimentando toda a área que fica em frente ao museu, são obras que integram a implantação do Parque Natural Dona Ziza, no qual o museu está inserido.

Já a empresa Imerys iniciou a construção de um edifício destinado a ser uma reserva técnica do MAC. A obra é fruto de um acordo celebrado entre a Imerys e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional / Superintendência de Minas Gerais (IPHAN/MG), que recomendou a expansão da reserva técnica do museu.

O projeto arquitetônico da nova reserva técnica foi elaborado pela Insight Arquitetura, sob a coordenação da arquiteta Cristiane L. Henriques. A fachada do edifício seguirá traços da arquitetura contemporânea, justamente para contrastar com os traços do edifício sede do MAC, um típico exemplar da arquitetura rural colonial brasileira. As obras estão sob responsabilidade da empresa Varanda Rabelo Construtora. O novo edifício terá uma área construída de 105 m².

Clique na imagem para ampliar. Obras de expansão do museu: pavimentação da área em frente ao museu e implantação da nova reserva técnica, com detalhes dos projeto arquitetônico.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Vem aí o 8º Encontro Estadual de Museus de Minas Gerais

8° Encontro Estadual de Museus de Minas Gerais, evento promovido pela Secretaria de Estado de Cultura/MG e Superintendência de Museus e Artes Visuais, será realizado nos dias 29 e 30 de setembro de 2015, no teatro da Biblioteca Pública Luiz de Bessa, em Belo Horizonte/MG.  
Com o temática Arquitetura de Museus, a edição de 2015 do Encontro Estadual de Museus de Minas Gerais,tem como objetivo ampliar e possibilitar o diálogo do arquiteto com os profissionais envolvidos no âmbito museológico nas construções e adaptações de espaços de museus, e discutir as necessidades do campo que circunda o tema: o planejamento dos espaços, a metodologia dos projetos a serem executados, além de sua manutenção e a sustentabilidade.
Pretende também, abordar nas quatro mesas redondas previstas para os dois dias do evento, questões como: a formação dos profissionais envolvidos nos projetos dos museus, experiências diversas de equipes interdisciplinares e a relação do edifício com o seu acervo.
Programação:
29 de setembro – Terça-feira
Mesa 1 – Arquitetura de Museus
Mesa 2 – A formação na arquitetura de Museus
30 de setembro – Quarta-feira
Mesa 3 – Projetos Arquitetônicos de Museu: metodologias e interdisciplinaridade
Mesa 4 – Arquitetura e acervo: possíveis interfaces
Em breve encaminharemos a programação completa do evento e a ficha de inscrição.
Angelina Gonçalves
Assessora de Comunicação - Conrerp 3ª / 928
Superintendência de Museus e Artes Visuais
Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais
Av. João Pinheiro, 342 - Funcionários
30.130-180 - Belo Horizonte - MG
Tel: (31) 3269-1109 / 8876-8987

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ossadas humanas pré-históricas retornam a Pains

Reconstituição fisionômica de Luzia,
por Richard Neave (LEEH/IBUSP)


Em julho passado, uma equipe do MAC esteve no  Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH) do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IBUSP), a fim de realizar o traslado dos restos esqueletais provenientes de dois sepultamentos pré-históricos escavados no sítio arqueológico Loca do Suim.

A Loca do Suim é uma gruta situada no Morro da Menina, uma enorme formação calcária, um marco de paisagem, localizada na zona rural do município de Pains - MG. O sítio foi alvo de escavações arqueológicas entre os anos de 2003 e 2005, no âmbito de um projeto de mestrado desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Arqueologia do MAE, Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (clique aqui).

Estas escavações resultaram na coleta de material lítico, ossos de pequenos animais, sedimento arqueológico e dois sepultamentos humanos. Não havia, à época destas escavações, um museu que pudesse receber estes esqueletos, seja na região de Pains, seja no Estado de Minas Gerais. Foi quando o Prof. Walter Neves, coordenador do LEEH/IBUSP, aceitou receber e guardar os restos ósseos coletados na Loca do Suim. E não apenas isso, foi feita a curadoria e análise de todo o material, a fim de se identificar o número mínimo de indivíduos, seu sexo e a presença de patologias ósseas. Tais procedimentos foram descritos e tiveram seus resultados sintetizados em um relatório de curadoria produzido pelo LEEH¹.

Clique na imagem para ampliar. 1. Planta baixa e perfil longitudinal da entrada da Loca do Suim, zona abrigada que guarda a totalidade do registro arqueológico identificado neste sítio. 2. Foto tomada na direção norte e que apresenta a área do sítio que foi alvo de escavações arqueológicas. 3. Pesquisadores trabalham na "Área 1". 4. Aspecto da escavação da "Área 1", da qual foram retirados os dois sepultamentos humanos pré-históricos.

Ambos os sepultamentos estavam muito fragmentados. Devido a sua antiguidade, comentada abaixo, estas estruturas arqueológicas, os sepultamentos, foram perturbados por eventos pósdeposicionais. Não há, por exemplo, crânios estruturados, mas apenas fragmentos. A curadoria constatou que em um dos sepultamentos, o Sep-I, haviam ossos de quatro indivíduos. Dois adultos: um homem com cerca de 20 anos de idade, e uma mulher com cerca de 45 anos de idade; além de duas crianças: um recém nascido e uma criança com cerca de 5 anos de idade. O esqueleto da mulher, denominado Sep-IB, é peculiar, pois foi cremado. Segundo o bioantropólogo André Strauss, que visitou o MAC há alguns meses, tais restos esqueletais constituem um dos mais antigos registros materiais de cremação do continente sul-americano. Já no outro sepultamento, o Sep-II, foram encontrados os restos esqueletais de apenas um indivíduo com cerca de 23 anos de idade, não tendo sido possível determinar seu sexo.

(LEEH/IBUSP)
(LEEH/IBUSP)
O LEEH custeou ainda duas datações radiocarbônicas, feitas a partir de fragmentos de ossos de ambos os sepultamentos. As amostras foram enviadas para o laboratório Beta Analytic, sediado na cidade de Miami, Estado da Flórida, nos EUA. O sepultamento I (Sep-I) teve sua datação radiocarbônica mensurada em 7.440 ± 50 antes do presente (AP) e a datação do sepultamento II (Sep-II) foi mensurada em 7.530 ± 50 AP. Ambas as datas foram calibradas, método que cruza os resultados das datações com um quadro cronológico da flutuação dos níveis do elemento químico Carbono 14 (C¹⁴) na atmosfera, permitindo relocar as datas para um marco temporal mais preciso. Pois essa calibração recuou as datas dos dois sepultamentos: ao Sep-I foi atribuída uma idade situada entre 8.160 e 8.360 anos e ao Sep-II foi atribuída uma idade situada entre 8.200 e 8.400 anos AP.

Todo este importante patrimônio cultural arqueológico foi trasladado para o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC), na cidade de Pains - MG, aonde permanece depositado na reserva técnica destinada exclusivamente a materiais arqueológicos orgânicos, sala permanentemente fechada e climatizada. Quando a equipe do MAC foi buscar o material arqueológico na cidade de São Paulo -SP, ela teve a oportunidade de conhecer as instalações do LEEH e a exposição sobre evolução humana exibida nos corredores do IBUSP. Foi possível conhecer sepultamentos humanos pré-históricos que foram escavados no município de Lagoa Santa - MG, e que atualmente estão sob análise e estudo no LEEH. Foi mostrado também o esqueleto de uma preguiça gigante, animal extinto há milênios, da espécie Cantonyx cuvieri, que fora meticulosamente escavada e coletada no sítio paleontológico Gruta Cuvieri.

Clique na imagem para ampliar. 1. a 3. Imagens do LEEH/IBUSP. 1. O pesquisador técnico Max Ernani se debruça sobre um esqueleto humano pré-histórico escavado no município de Lagoa Santa - MG. 2. e 3. Esqueleto de uma preguiça terrícola, gigante, pleistocênica, da espécie Cantonyx cuvieri, meticulosamente escavada e coletada no sítio paleontológico Gruta Cuvieri, a qual foi redescoberta e pesquisada pelo LEEH, no município de Lagoa Santa - MG. 4. Os dois sepultamentos pré-históricos da Loca do Suim estão agora depositados na reserva técnica do MAC, exclusiva para materiais arqueológicos orgânicos, ela permanece fechada e climatizada.
G. H.


¹ STRAUSS, André. M. & GLÓRIA, Pedro J. T. Relatório de Curadoria: esqueletos da Loca do Suim, Pains - MG. São Paulo: LEEH/IBUSP, 2007. In: KOOLE, Edward K. M. Pré-história da Província Cárstica do Alto São Francisco, Minas Gerais: a indústria lítica dos caçadores-coletores arcaicos. Anexo à dissertação de metrado. São Paulo: MAE/USP, 2007. p. 128-39.

Leia Também:
NEVES, Walter & PILÓ, Luís B. O Povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. São Paulo: Globo, 2008. 333 p.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

UMA SARAIVADA DE [pontas de] FLECHAS!!!

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Na semana passada uma equipe do MAC esteve na cidade de Poços de Caldas - MG, para receber uma coleção de artefatos arqueológicos indígenas, pré-históricos, reunida por Rodrigo Ferreira, que trabalha no comércio local e é estudante universitário (ft. 1).

Rodrigo nos contou que durante sua infância e adolescência, passadas no município de Areado - MG, em saídas para pescar, na zona rural, sempre se deparava com certos locais aonde via aflorar pedras estranhas, com formatos diferentes do usual. Algumas delas, pequenas e pontudas, seu pai atribuía a "bugres antigos", que teriam habitado a região; outras, maiores e rombudas, eram atribuídas por vários moradores locais aos raios e trovões, "pedras de raio" diziam, raios e trovões que voltavam para resgatar suas crias, sete anos passados desde sua chegada à terra.

Mas a despeito dos vaticínios de seus vizinhos, Rodrigo foi guardando, peça a peça, ponto a ponto, cada estranheza que notava, ao longo de oito anos. Mirou no que viu. Já na graduação, cursando História, ao entrar em contato com o Prof. Alexandre Robazzini, da UNIFEOB, arqueólogo, aprendeu mais sobre o tesouro que guardava. As pontas de flecha poderiam ter uma antiguidade superior a sete milênios, e as pedras de raio, eram machados de pedra polida, de povos agricultores, que produziam cerâmica, e que habitaram as regiões do sul de Minas e norte de São Paulo, em datas que variam entre os séculos X e XVII da era cristã. Acertou no que não viu.

Aconselhado por seu professor, Rodrigo decidiu contatar o Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco (MAC), para doar toda a coleção que reunira. Foram alguns meses de conversação que culminaram no traslado do material, que ora se encontra em nossa reserva técnica. Na oportunidade, enfatizamos a necessidade de proteção dos sítios arqueológicos, jazidas de conhecimento que devem permanecer intocadas, até que pesquisas científicas, levadas a cabo por profissionais de arqueologia, possam ser executadas. Quanto a esse ponto, ele se mostrou plenamente de acordo, afirmando que realmente não tinha qualquer informação sobre a proteção sobre tais locais, até que veio a estudar História e ter contato com o Prof. Robazzini, que também já o teria advertido sobre a necessidade de cessar e desencorajar qualquer tipo de coleta amadora.

A coleção conta com mais de treze dezenas de exemplares de pontas de flecha, produzidas através do lascamento bifacial de vários tipos de rochas cristalizadas: quartzos, quartzitos, sílex, etc (ft. 4). Há diferentes formas deste artefato, uma em especial, muito rara, possui formato foliáceo, ao modo de um triângulo isósceles, sem pedúnculo, com a borda de encaixe côncava e as bordas laterais convexas (ft. 5). Há um pequenino pingente de rocha polida, com o furo, perfeito, para passar um cordão (ft. 3). A coleção conta ainda com lâminas de machado polido (ft. 2), uma delas com 6 cm de tamanho e outra com 27 cm, maceradores (mãos de pilão), um fuso cerâmico, e alguns outros artefatos.

Todo o conjunto de peças está depositado na reserva técnica do MAC e passa por uma curadoria no laboratório de Arqueologia. Rodrigo manifestou a intenção de utilizar as informações obtidas com o estudo destes acervo, e de seu sítio arqueológico de origem, para elaborar seu trabalho de conclusão de curso (TCC), o que exigirá sua vinda ao museu para participar de algumas atividades. O próximo passo é conseguir levantar o ponto de origem de cada uma das peças. E que ressoem os trovões...

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G. H.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Arqueologia: A Cidade Como Artefato

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A Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro em parceria com o Grupo de Pesquisas Paisagens Híbridas | EBA/UFRJ convidam a todos para a sua segunda série de palestras em agosto, intitulada "ARQUEOLOGIA: a cidade como artefato - paisagem e patrimônio".
  
Maiores Informações:
Paisagens Híbridas (clique aqui) 

segunda-feira, 27 de julho de 2015

22 Falas e Provérbios de Indígenas Norte Americanos sobre Sabedoria

Tradução livre do
G. H.

Um provérbio bem conhecido recomenda que você tenha respeito a seus ancestrais, pois você é o resultado de mil amores.

Os provérbios mais importantes vem geralmente de nossos anciões (e antepassados) no momento em que aprendemos uma lição de vida. No curso de nossa vida o clímax de tais lições nos dá a sabedoria que precisamos para ensinar nossas crianças lições ainda mais grandiosas.

Aqui são apresentadas 22 falas ou provérbios de indígenas norte americanos sobre sabedoria:

1. "A velhice não é tão honrosa quanto a morte, mas a maior parte das pessoas a deseja." -- Crow

2. "Não julgue seu vizinho até que você tenha caminhado por duas luas em seus mocassins [sapatos]." -- Cheyenne

3. "Escutando seu eu interior e seguindo seus instintos e intuições, uma pessoa será sempre guiada para a segurança." -- Dr. A. C. Ross (Ehnamani), Lakota

4. "Se um homem for tão sábio quanto uma serpente, ele conseguirá ser tão inofensivo quanto uma pomba." - Cheyenne

5. "Não há morte, apenas uma mudança de mundos." - Duwamish

6. "Não tenha medo de chorar. Isso libertará sua mente de pensamentos de sofrer." - Hopi

7. "Seu avô sempre lhe disse que ele gastava muita energia tentando mudar as árvores de lugar ao passo que um homem sábio caminharia contornando-as." - Patricia Briggs, Hunting Ground

8. "Você já possui tudo o que é necessário para se tornar grandioso." - Provérbio Indígena

9. "Quando demonstramos respeito por outras coisas viventes, elas respondem com respeito para conosco." -- Arapaho

10. "Esteja atento para com o homem que não conversa, e para com o cão que não ladra." -- Cheyenne

11. "Aqueles que tem um pé na canoa e outro pé no barco estão para cair no rio." -- Tuscarora
   
12. "Não se trata do quanto você faz, mas sim de quanto amor você coloca no fazer." - Um artesão de Mocassins [sapateiro].

13. "O espírito da mulher vem do leste, onde o sol se levanta, onde o nosso calor e visão tem início. E o espírito da mulher traz o calor para dentro de casa. Aqui no leste toda a forma de vida tem início, quando o espírito é concebido e concedido ao útero da futura mãe." -  Sabedoria Cree

14. "Todos nós somos flores no jardim do Grande Espírito. Nós compartilhamos uma raiz comum, e tal raiz é a Mãe Terra. O jardim é belo pois nele existem diferentes cores, e estas cores representam as diferentes tradições e contextos culturais." Avô David Monongye - Ancião Hopi.
  

15. "Nós não entramos em uma cerimônia para conversar sobre o Grande Mistério. Nós entramos em uma cerimônia para conversar com o Grande Mistério." - Chefe Quanah Parker

16. "Nós sabemos, por meios de nossos antigos ensinamentos, que a águia sagrada da humanidade tem duas asas, perfeitamente harmônicas e balanceadas; uma representando a mulher, e outra representando o homem. Em nossos relacionamentos enquanto mulheres e homens, irmãos e irmãs, mães e pais, devemos nos unir para eliminar toda a forma de desrespeito, mau trato, ou falta de companheirismo, na responsabilidade de criar as crianças do mundo. É a nossa mais profunda prece que, com cada novo nascer do sol, possamos reconhecer sempre que o nascimento de uma criança é a mais sagrada e santa de todas as maravilhosas cerimônias e benesses que o Criador nos concedeu, e que é um presente e uma responsabilidade sagrada fazer todo o possível para prover nossas crianças e comunidades com um futuro melhor." Sabedoria Nativo Americana.

17. Não estamos nem acima nem abaixo dos outros seres no círculo da vida. Nos sentimos humildes quando compreendemos nossa relação com a Criação.  Somos tão pequenos comparados à majestosa expansão da Criação, apenas um "fio na teia da vida". Compreender isso nos ajuda a respeitar e valorizar a vida. Sabedoria Nativo Americana

18.  Para sustentar nossa espiritualidade nós precisamos de caminhar nela todos os dias. Não apenas algumas vezes, mas todo dia. Não é apenas uma vez por semana, é a sua vida. - Cree

19. Estar espiritualizado é relembrar. É relembrar que seu espírito foi a primeira coisa que lhe foi dada quando você veio a ser. Então precisamos relembrar de onde viemos e as dádivas que nos foram entregues enquanto seres humanos. Você irá cair, e você terá de se levantar. Talvez você vai até se arrastar um pouco, mas você se levantará e caminhará de novo como um recém nascido. - Sabedoria Cree

20. Observe cuidadosamente a aranha. O que você faz para a teia da vida você faz para si mesmo. Veja as estrelas em uma noite sem lua para entender que há luz mesmo nos tempos mais escuros. Persiga o olho por olho e você poderá ser cegado primeiro. Provérbio Nativo Americano

21. "O que é isso que vocês chamam de propriedade? Não pode ser a terra, pois a terra é nossa mãe, nutrindo a todas as suas crianças, feras, pássaros e a todos os homens. As florestas, os riachos, tudo nela pertence a todo mundo e é para o uso de todos. Como pode um homem dizer que tudo pertence a ele?" - Massassoit

22. Você deve falar de forma direta para que suas palavras entrem em nossos corações como a luz do sol. - Cochise ("Como Vernônia¹") - Chefe Chriricaua

1. Vernônia: Ironweed, nome vulgar dado a um grupo de plantas, arbustos e ervas pertencentes à família Asteraceae, com florações em cores lilás e violeta, muito comuns no leste dos Estados Unidos.
 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

9ª Primavera dos Museus: Inscrições Abertas

9ª Primavera dos Museus: inscrições abertas de 01º de julho a 21 de agosto.
Tema: Museus e Memórias Indígenas

A Primavera dos Museus é um período, sempre no início da estação homônima, em que museus de todo o país desenvolvem uma programação especial.
Sua 9ª edição será de 21 a 27 de setembro. Participe! Inscreva sua instituição e suas atividades no site www.museus.gov.br.

Informações: (61) 3521-4214 / primavera@museus.gov.br



terça-feira, 30 de junho de 2015

SOS Paleoantropologia no Brasil!!!

O MAC publica aqui uma carta assinada pelo Prof. Walter Neves, da Universidade de São Paulo. Cada pessoa que se importa com o patrimônio cultural arqueológico de nossa região, que enxerga no museu uma proposta de futuro e cidadania, deveria separar um pouco de seu tempo e ler essa carta com muita atenção.

Citando apenas um fato, dentre tantos outros não menos importantes, o Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP dedicou o tempo de sua equipe e seu espaço de trabalho, em um estudo voluntário dos restos ósseos de um sepultamento pré-histórico, que fora escavado em um abrigo sob rocha, no Morro da Menina, zona rural do Município de Pains - MG. Posteriormente, o mesmo laboratório custeou uma datação radiocarbônica do esqueleto em um laboratório dos Estados Unidos. A datação foi feita a partir de um pequeno fragmento do osso do braço do indivíduo. Ela revelou que essa pessoa morreu há 7.500 anos.

Este sepultamento arqueológico se configura como um dos mais antigos registros materiais de cremação da América do Sul. Recentemente, o Prof. Walter Neves, que coordena o Laboratório, autorizou o envio destes restos esqueletais para a sede do MAC, no município de Pains, retornando o material arqueológico para sua região de origem. A datação e curadoria deste sepultamento fez parte da amostra de pesquisa de uma dissertação de Mestrado e de uma tese de Doutorado, que foram defendidos no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, e que hoje podem ser consultados por qualquer pessoa, através da internet, no banco de teses e dissertações da USP.

"Estudos de evolução humana na USP estão ameaçados de extinção

O Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos (LEEH), do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do IB-USP, foi por mim criado em 1994. Até hoje é o único laboratório da América do Sul a pesquisar a evolução humana sob uma perspectiva paleoantropológica, portanto, interdisciplinar por definição. Nossa pesquisa de maior destaque refere-se a Luzia, a primeira americana, que se tornou o ícone da pré-história brasileira. Hoje, o Laboratório desenvolve mais de dez projetos de pesquisa em parceria com diversas instituições do Brasil e do exterior. Recentemente, deu início a um projeto paleoantropológico na Jordânia, buscando nossos ancestrais que há 2 milhões de anos se expandiram da África para o Oriente e para a Europa. Essa é a primeira vez que cientistas brasileiros estabelecem um projeto paleoantropológico fora do país.
 
O LEEH-USP também se dedica freneticamente à divulgação do conhecimento da evolução humana para o público leigo, numa cruzada significativa contra a expansão do criacionismo no país. Entre essas atividades destaca-se a exposição “Do macaco ao homem”, recentemente implantada no Catavento Cultural, financiada pelo CNPq e pelo próprio Catavento, que consumiu recursos da ordem de um milhão de Reais. O LEEH também é o fiel depositário junto ao IPHAN e ao IBAMA de coleções arqueológicas e paleontológicas referentes aos primeiros americanos, destacando-se aí a maior coleção de esqueletos desses primeiros colonizadores do continente. Possui ainda uma infraestrutura física invejável, que não deixa nada a dever a instituições congêneres no exterior. Nos últimos dez anos só a FAPESP injetou cerca de dois milhões de dólares nessa infraestrutura e nos projetos que desenvolvemos.
  
Mas tudo isso está ameaçado de extinção. Com minha aposentadoria em futuro próximo não há a menor possibilidade de que seja contratado um docente para assumir o laboratório. Isto se deve a duas razões complementares: por um lado, a reitoria atual não está provendo novas vagas de docente e por outro, mesmo que ela o faça, nada garante que o Departamento de Genética e Biologia Evolutiva aloque essa vaga para a área da Antropologia Biológica. O departamento é majoritariamente constituído por geneticistas humanos, grupo de excelência, mas que têm enorme dificuldade de entender que nossa área envolve três campos do conhecimento: antropologia, arqueologia e biologia evolutiva. Esse é o preço real que se paga na USP por ser de fato interdisciplinar.

Se você se simpatiza com minha causa, por favor envie mensagens para:

Marco Antônio Zago / Reitor da Universidade de São Paulo

Vahan Agopyan / Vice-reitor da Universidade de São Paulo
 
Luis Neto / Chefe do Departamento de Genética e Biologia evolutiva
Só a pressão social poderá evitar que o Brasil perca esse patrimônio material e imaterial que foi construído a duras penas nos últimos 25 anos.
  
Ass.: Walter Neves, Professor Titular (waneves@ib.usp.br)"
  

quarta-feira, 24 de junho de 2015

MAC recebe a visita da Escola Aureliano Rodrigues Nunes, da cidade de Formiga.

O MAC recebeu no dia 11 de Junho a visita de 15 alunos do o 6º e 7º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Aureliano Rodrigues Nunes, sediada na cidade de Formiga - MG. A visita foi organizada pelos professores: Leonardo Oliveira, Natalia Vieira, Thaís, Pollyana, Eliana Rodrigues, Aline e Ana Paula.

No museu o grupo participou de uma visita monitorada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiu - na sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, um exemplo de turismo científico e cultural que está localizado no sudeste do Estado do Piauí.

Clique na imagem para ampliar. 1. Sala do material lítico (rochas): pontas de flecha e machados polidos 2. Sala da cerâmica indígena pré-histórica. 3 . Turma do 6º e 7º ano, em frente a sede do MAC, na cidade de Pains. 4 e 5. Sala do simbólico: registro fotográfico de painel rupestre do sítio arqueológico Posse Grande.
     

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Pichações lascivas da Pompéia Antiga

Tradução livre do
Dangerous Minds
 G. H.
 Apoio: Carla Pequini
   
A maior parte das pessoas associam Pompéia com a erupção do Monte Vesúvio em 79 d.C., um evento que matou simultaneamente em torno de 16.000 pessoas e "congelou" todo seus arredores sob um monte de cinzas, deixando uma cidade inteira quase que perfeitamente preservada para a posteridade. Mas apesar de nós frequentemente projetarmos uma aura de seriedade nas personagens da Antiguidade, uma das características mais pitorescas é a preservação dos aspectos menos respeitáveis (e mais reconhecíveis) do ser humano.
 
Veja, por exemplo, o mosaico da ilustração, representando um sátiro e uma ninfa, uma peça de A Casa do Fauno, que no passado foi um lar opulento para os aristocratas de Pompéia. A onipresença de arte erótica como essa foi e é representativa da afeição romana pelos prazeres mundanos. Mas, se você preferir a sujeira do proletariado, pode estar interessado em um tipo de grafite, ou pichação, encontrado por toda a Pompéia, alguns deles listados abaixo, juntamente com o local em que se encontra o rabisco ofensivo. Lembrem-se crianças, frequentemente nossa história se resume a paredes de banheiros dos nossos antigos semelhantes. (E sim, existem escritos gentis, introspectivos e poéticos em meio às pichações, pelo menos você terá uma impressão unilateral dos pompeianos.)

Para identificar os locais em que foram feitas as pichações você pode consultar este mapa. Os nomes estão em inglês, porém é possível reconhecer a maior parte deles.

Clique na imagem para ampliar. Mapa da Pompéia Antiga, com os principais pontos de interesse.

(Próximo ao vestíbulo de entrada da Casa de Menander): Em Nuceria, procure por Novellia Primordial próximo ao Portão Romano no distrito das Prostitutas.

(Bar de Astylus e Pardalus): Amantes são como abelhas e nisso vivem uma vida melada.

(Loja de potes de cerâmica ou Bar de Nicanor; a direita da porta): Lesbianus, você defeca e você escreve, 'Olá, pessoal!'

(Casa de Pascius Hermes; à direita da porta): Para aquele que está defecando aqui. Guarda-te da maldição. Se você se voltar para esta maldição, que tenhais um Júpiter enfurecido como inimigo.

(Casa de Caecilius lucundus): a todo aquele que ama, deixei-o florescer. Deixe perecer aquele que não ama. Deixe-o perecer duas vezes aquele que proibir o amor.

(Lado externo ao portão Vesúvio): Cagão,  que tudo o mais dê certo e assim você possa deixar esse lugar.

(barracas dos gladiadores Julio-Claudianos; coluna no peristilo): Cedalus o gladiador trácio é o deleite de todas as garotas.

(Casa de Pompeu Axiochus VI e Julia Helena; a esquerda da porta): Hectite, gracinha, Mercator diz olá para você.

(viela dos Cientistas): Lagalus cruel, por que você não me ama?

(Loja de carpintaria de Potitus): Que quantidade de truques você usa para enganar, estalajadeiro. Você vende água mas bebe vinho puro.

(Átrio da Casa do Grande Bordel): Uma loira me ensinou a odiar as garotas de cabelos escuros. Eu as odiarei, se puder, mas não me importaria em amá-las. Venus Fisica Pompeiano escreveu isso.

(Átrio da Casa de Pinarius): Se mais ninguém acredita em Vênus, eles poderiam se deslumbrar com minha namorada.

(Bordel de Vênus; na Viela Sobreposta em frente ao Beco do Gallo): Que o Amor queime em alguma montanha solitária a todo aquele que deseje violentar minha namorada!

(beco do Pattiere, Casa dos Vibis, Mercadores): Atimetus me engravidou

(beco do Pattiere, Casa dos Vibis, Mercadores) Figulus ama Idaia

(Bar do Hedone (ou Colepius) na Rua dos Augustos; na esquina que leva a lupanária): Hedone diz, "Você pode beber aqui por apenas uma moeda. Você pode beber o melhor vinho por duas moedas. Você pode sorver Falerniano por quatro moedas."

(Casa de Caprasius Primus): Eu não quero vender meu marido, nem por todo o ouro do mundo.

(Viela d'Eumachia, pequeno aposento de um possível bordel): Vibius Restitutus dormiu aqui sozinho e sentiu a falta de sua querida Urbana.

(corredor no teatro): Methe, escrava de Cominia, de Atella, ama a Chrestus. Que Vênus Pompeiana seja querida a ambos e que os dois vivam sempre em harmonia.

(na basílica):  Nenhum jovem sujeito está completo até que ele tenha caído de amores.

(na basílica): Chie, eu espero que suas hemorróidas se esfreguem tanto a ponto de se machucarem como nunca!


(na basílica): Deixe que todos aqueles que amam venham ver. Eu quero quebrar as costelas de Vênus com porretes e aleijar os lombos da deusa. Se ela pode arrebentar com meu peito macio, então porque eu não posso esmagar sua cabeça com um porrete?


(na basílica): Phileros é um eunuco!


(na basílica): Se você está disponível, mas desinteressado, porque você joga fora nossa diversão e gentil esperança, sempre me dizendo para voltar amanhã. Então, force-me a morrer visto que me força a viver sem você. Teu presente será parar de me torturar. Certamente, a esperança dá de volta ao amante aquilo que uma vez lhe tirou.

(na basílica): Tome posse de sua jovem serva sempre que desejares; é o seu direito.


(na basílica): Ó paredes, vocês tem suportado tantos grafites tediosos que eu estou maravilhado de que não tenhais ainda colapsado em ruínas.


(na basílica): O Amor dita para mim enquanto escrevo e Cupido me mostra o caminho, mas que eu morra se deus desejasse que eu seguisse sem você.


(Estalagem dos tropeiros; a esquerda da porta): Nós encharcamos a cama, estalajadeiro. Confesso que fizemos mal. Se você quer saber porquê, não havia penico no quarto.

(Casa de Sabinus; peristilo): Se você sentir o fogo do amor, tropeiro, você se apressará para ver Vênus. Eu adoro um garoto charmoso; eu lhe peço, instigue as mulas; vamos lá. Leve-me para Pompéia, aonde o amor é doce. Você é meu...

(Casa dos Centenários; no átrio): Meu filho luxurioso, com quantas mulheres mais tiveste relações sexuais?

(Casa dos Centenários; na latrina próximo à porta frontal): "Secundus defecou aqui" três vezes em uma parede.

(Casa dos Centenários; no interior da casa): uma vez que você esteja morto, você é nada.

(triclínio de uma casa): Restitutus tem enganado muitas garotas.

Necrópole de Nuceria (em uma tumba): Saudações a Primigenia de Nuceria. Eu queria me tornar um anel de sinete por pouco mais de uma hora, então poderia te dar beijos despachados com tua assinatura.

Herculano (Bar/quiosque conjugado aos banhos marítimos): Dois amigos estiveram aqui. Em sua estada eles tiveram em tudo um serviço ruim  dispensado por um sujeito chamado Epaphroditus. Eles o jogaram longe e gastaram 105 sestércios e meio nas mais adoráveis cortesãs.

Herculano (no muro externo de uma casa): Apollinaris, o médico do imperador Titus, defecou bem aqui.
  
Clique na imagem para ampliar. Imagens das ruínas de Pompéia. 1. Panorâmica da Via de Mercúrio, tomada a partir das muralhas do norte em direção ao sul e ao Fórum. 2. a 5. Retratos de romanos em mármore: 2. Beleza da Corte de Flávio (80 a 90 d.C.); 3 e 4. Retrato de homem; 5. Retrato de mulher com véu, entre os séculos I e II d.C. 6. Pintura de natureza morta com ovos e tordos. A natureza morta era um tema de pintura muito popular à época da destruição de Pompéia. 7. Aparência de algumas pichações nas paredes de um edifício.
 
Fonte fotos 1 e 6:
CORNELL, T. & MATTHEWS, J. Roma: legado de um império. Trad.: Maria E. Vidigal. v. 1. Lisboa: Edições Del Prado, 1996. p. 86-7.
Fonte fotos 2 a 4:
Museu Capitolino, Roma. Fotos: Ilse Schneider-Lengyel, Phaidon Archive, Oxford.
CORNELL, T. & MATTHEWS, J. Roma: legado de um império. Trad.: Maria E. Vidigal. v. 2. Lisboa: Edições Del Prado, 1996. p. 180.
Foto 5:
Museo Archeologico di Firenze
Casa Fiat de Cultura. Roma: a vida dos imperadores. Catálogo da exposição. João Pessoa-PB: Fabula srl, 2011. p. 248. 

Texto original de Amber Frost
Via Professor Brian Harvey