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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Escola de Pains faz visita ao museu

No dia 13 de setembro o MAC recebeu a visita de alunos do 1º ano da Escola Municipal José Maria da Fonseca da cidade de Pains - MG. A visita foi organizada pela diretora Marisa Gonçalves, e pela professoras Regina Paiva e Rosana Ramos.

Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram - em nossa sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí. Durante a exibição das fotos os integrantes escutaram uma série de gravações de canções dos índios Xavante, que vivem no Estado do Mato Grosso. Os estudantes ainda puderam conhecer o laboratório de arqueologia e a reserva técnica do MAC.
  
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Extinção do rio São Francisco

Um tratado sobre a flora do rio São Francisco, publicado recentemente e resultado das pesquisas de um grupo de cientistas liderados  pelo prof. José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), sediada em Petrolina - PE, faz um prognóstico sombrio, ao longo de suas mais de 500 páginas, sobre a inexorável extinção do rio São Francisco nas próximas décadas.

Leia a reportagem no jornal O Globo.

P.S. do MAC: Este prognóstico infelizmente não é recebido com estranheza por parte de cientistas que trabalham no alto curso do rio, em Minas Gerais. Por aqui, o chamado projeto de "revitalização do rio São Francisco" empreendido em nossa região, revelou-se pouco transparente e errático em sua execução, além de inócuo em seus efeitos. Verbas importantes deste projeto foram gastas, por exemplo, com passeios de helicóptero, tratados como verdadeiros eventos que reuniam a coordenação do projeto e as lideranças municipais da região e suas respectivas comitivas. Ao mesmo tempo, cientistas eram insistentemente pressionados, e este é o termo mais suave a ser utilizado, a simplesmente entregar e fornecer os dados de suas pesquisas ao tal projeto de "revitalização", sem qualquer contrapartida.

Sabe-se ainda que o próprio Museu Arqueológico do Carste do Alto São Francisco, o MAC, é apresentado em certas "conversas de corredor"  como desdobramento deste projeto de "revitalização do rio São Francisco". Nada poderia ser mais errôneo e, porque não dizê-lo, difamatório. O projeto foi iniciativa de um grupo de cientistas e profissionais que o apresentou pronto e formatado à Prefeitura Municipal de Pains, que só assumiu uma participação incisiva no mesmo quando a verba federal para sua implantação foi liberada. Até que isso acontecesse os autores tiveram que se desdobrar para que o projeto fosse aprovado por uma série de avaliações feitas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN / Edital Mais Museus), e julgada por uma banca de cientistas e profissionais idôneos, entre fevereiro e maio de 2008.
    

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Museu recebe visita da E. E. Pe. José Sangali

No dia 31/08, uma sexta-feira, o museu recebeu a visita de 68 alunos do Ensino Fundamental da Escola Estadual Padre José Sangali da cidade de Córrego Fundo - MG. A visita foi coordenada pelas professoras Renata de Paula e Neila de Faria, e pelo diretor Nadir Costa.
 
Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados". Na sala de audivisual o grupo assistiu a um breve trecho do filme "Cave of Forgotten Dreams" (Caverna dos Sonhos Esquecidos), um documentário dirigido pelo alemão Werner Herzog, sobre a caverna de Chauvet, no sul da França, a qual guarda um imenso acervo de pinturas rupestres com 32 mil anos de idade. O documentário narra a história do achado da caverna e acompanha o trabalho dos arqueólogos na proteção e estudo deste sítio arqueológico. 

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O filme é importantíssimo por demostrar a importância de um plano de manejo para cavidades naturais que contenham vestígios arqueológicos, pois a caverna de Chauvet, achado único na história da humanidade, é aberta somente para pesquisas científicas, e foi toda adaptada para a proteção de seu bioma e para o controle da locomoção dos visitantes. É um bom exemplo para refletirmos sobre o patrimônio arqueológico e espeleológico (cavernas) de nossa região, que vem sendo cada vez mais procurada por turistas desejosos de conhecerem as cavernas do Carste do Alto São Francisco. Infelizmente nenhuma delas está preparada para receber visitas turísticas.

Assista a um trailer do filme de Herzog.
  
  

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Visita ao Parque Estadual do Sumidouro com cientistas do Museu de História Natural da Dinamarca

No dia 19 de setembro o MAC, representado por seu diretor, participou de uma visita ao Parque Estadual do Sumidouro. A atividade foi organizada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e pela direção do Parque com o objetivo de apresentá-lo aos cientistas: Dr. Moorten Meldgaard, Prof. Niels Bonde, Hanne Strager e Kasper Hansen, todos representantes do Museu de História Natural da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca.

Os pesquisadores integram a comitiva do príncipe herdeiro Frederik André Henrik Christian, e de sua esposa, a princesa Mary Elizabeth, e estiveram no país por conta de um comodato que trouxe mais de 80 fósseis paleontológicos para o recém inaugurado Museu Peter Lund, na cidade de Lagoa Santa, cuja sede foi construída no Parque do Sumidouro, junto à gruta da Lapinha.

Leia reportagens sobre a inauguração do Museu Peter Lund (clique aqui e aqui)
Assista a uma matéria jornalística sobre a inauguração (clique aqui)

Todo esse acervo foi escavado pelo naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880), que no século XIX realizou escavações em diferentes regiões cársticas da Bacia do rio São Francisco, como em Montes Claros, Sete Lagoas, Cordisburgo e Curvelo. Mas foi no carste de Lagoa Santa, entre os anos de 1839 e 1845 que ele realizou suas principais descobertas. Lund é considerado o "pai da paleontologia" no Brasil, além disso, suas reflexões sobre o chamado "Homem de Lagoa Santa" fazem com que muitos o considerem também um precursor da arqueologia em nosso país¹.
  
Clique na imagem para ampliar. Visita à gruta da Lapinha: área externa (fotos 1 e 2), interior da gruta com as instalações para locomoção dos visitantes (foto 9) e formações de espeleotemas (foto 10). Visita à lagoa do Sumidouro (foto 3) e ao sítio arqueológico homônimo, em um ponto aparentemente utilizado por Lund para drenar a água da caverna (foto 7). Montagem da exposição permanente do Museu Peter Lund (foto 8). Visita ao  Maciço de Cerca Grande, monumento natural e sítio arqueológico (fotos 4, 5, 6 e 11). Pinturas rupestres indígenas pré-históricas do Maciço de Cerca Grande (fotos 12 a 17), predominam as representações monocromáticas de animais quadrúpedes. 
     
O circuito de visitação do qual participamos foi elaborado sob o conceito de "museu de território", e contempla uma série de locais e paisagens que se tornaram referências para a história das pesquisas paleontológicas e arqueológicas realizadas na região de Lagoa Santa. Foi feita uma visita à gruta da Lapinha, que recentemente passou por um plano de manejo e foi adaptada para a visitação turística. Em seguida foi feita uma visita à lagoa do Sumidouro e ao sítio arqueológico homônimo, escavado por Lund em meados do século XIX. O grupo rumou depois para a Casa de Fernão Dias, no distrito da Quinta do Sumidouro e finalizou o circuito de visitação no sítio arqueológico e monumento natural Maciço de Cerca Grande, que foi explorado por vários naturalistas e arqueólogos no séculos XIX e XX. Este maciço guarda inúmeras pinturas rupestres que foram produzidas por indígenas caçadores coletores há mais de 4.000 anos. No local é possível distinguir as figuras de cervídeos, aves, porcos selvagens (caititus) e outros quadrúpedes, pintados em monocromia nas cores amarelo ou vermelha.
      
¹ Ver: NEVES, Walter & PILÓ, Luís B. O Povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos. São Paulo: Globo, 2008. 333 p.
    

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

MAC recebe visita do Projeto Segundo Tempo

No dia 29 de agosto o MAC recebeu a visita de integrantes do Projeto Segundo Tempo da cidade de Pains - MG. A visita foi organizada pelo coordenador Davy Magno juntamente com estagiários e outros funcionários. Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram - em nossa sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí.  Durante a exibição das fotos os integrantes escutaram uma série de gravações de canções dos índios Xavante, que vivem no Estado do Mato Grosso.
  
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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Curadoria do acervo de ossos humanos - Parte II

No mês de julho, durante a execução da primeira etapa do projeto de curadoria do acervo de ossos humanos da reserva técnica do MAC (clique aqui) foram ainda trabalhados os sepultamentos pré-históricos I, II e III, provenientes das escavações do sítio arqueológico Abrigo do Ângelo, abrigo sob rocha localizado na zona rural do município de Pains - MG.

Todos os três sepultamentos foram encontrados em uma determinada área do sítio arqueológico, a qual foi utilizada exclusivamente como cemitério ao longo de milênios. Os sepultamentos I e III são sepultamentos secundários (fotos 1 e 3), tratam-se de indivíduos que, no momento subseqüente às suas mortes, foram enterrados em determinados locais, depois de anos ou meses os restos mortais foram exumados pela família e amigos, foram realizadas cerimônias fúnebres e um novo sepultamento foi feito, daí o termo "secundário". Este tipo de comportamento foi documentado no século XX em meio a grupos indígenas do planalto central, como no caso dos Kayapó e Bororo.

Assim, tais sepultamentos I e III seriam o testemunho desta segunda ou terceira fase de sepultamento. Nas escavações ficou claro que os restos esqueletais foram arranjados em um feixe compacto, que provavelmente era atado por um trançado ou cestaria que não sobreviveu aos desgastes do tempo.

Clique aqui e assista a uma reportagem sobre o sítio.

Clique na imagem para ampliar. Fotos 1 a 3: sepultamentos pré-históricos escavados no sítio arqueológico Abrigo do Ângelo. 4 e 5: curadoria no laboratório de arqueologia do MAC do acervo ósseo humano coletado neste sítio arqueológico. 6: ponta de flecha de osso animal retirada da caixa torácica do indivíduo do sepultamento II, quando da finalização das escavações no sítio arqueológico. Ela está solidamente ajuntada a uma costela devido a um concrecionamento, no laboratório ela passou por uma limpeza a seco da capa de sedimento concrecionado que a envolvia. É possível visualizar as estrias resultantes do polimento de sua superfície e uma incisão linear e retilínea em sua parte mesial. Esta ponta causou a morte deste indivíduo, ela se inseriu na caixa torácica em um eixo perpendicular ao das costelas, fator que aliado a seu comprimento de 12 cm impediram sua retirada.

O sepultamento II, por sua vez, é um sepultamento primário. Um indivíduo masculino, um adulto jovem, foi sepultado uma única vez após sua morte, em um local específico. O sepultamento II apresentou-se articulado, em posição fletida e decúbito lateral direito. Em sua caixa torácica foi encontrada uma ponta de projétil de osso, fixada à face interior de uma costela por um sedimento concrecionado (foto 6). Inicialmente foi cogitado que o osso poderia ser humano, mas a curadoria identificou que o osso utilizado na fabricação desta ponta de projétil é de origem animal.


Assista a uma breve perspectiva em vídeo do sepultamento II à época de sua escavação.

      
Vídeo produzido durante as escavações, no momento em que foi identificada e coletada a ponta de projétil de osso.