Modelo 3D - Cálice funerário Jê

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Exposição sobre os povos Matis e Marubo recebe mais de 1.000 visitantes

1. Artefatos matis e marubo expostos no MAC. Foto: G. Henriques, mai. 2016

Inaugurada em fevereiro de 2016 (veja aqui), a exposição temporária "Uma incursão pela Terra Indígena Vale do Javarí: os povos Matis e Marubo" recebeu mais de mil e trezentos visitantes ao longo do ano. Seu objetivo foi divulgar o patrimônio cultural indígena com foco em dois povos falantes de línguas da família Pano, e que vivem em uma das regiões mais remotas de nosso país.

A  Terra Indígena Vale do Javari é a segunda maior área indígena do Brasil e está situada na região do alto Solimões, no sudoeste do estado do  Amazonas, próxima à fronteira do Brasil com o Peru. Esta área foi reconhecida como Terra Indígena em 1999, demarcada fisicamente em 2000 e homologada em maio de 2001. Abrange áreas drenadas pelos rios Javari, Curuçá, Ituí, Itacoaí e Quixito, além dos altos cursos dos rios Jutaí e Jandiatuba, compreendendo terras dos municípios brasileiros de Atalaia do Norte, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Jutaí.

A área ocupada pelos Matis é uma faixa que se estende do médio curso do rio Ituí, passando pelo alto curso do rio Coari, afluente da margem direita do Ituí, até o médio rio Branco, afluente da margem esquerda do rio Itacoaí. Já os Marubo vivem no alto curso dos rios Curuçá Ituí. É uma região cheia de pequenas colinas, com cimos ligados entre si por cristas e cobertas pela floresta amazônica.

2. A exposição conta com artefatos e painéis temáticos com fotos e textos. 3. Zarabatana matis com mais de 3 metros de comprimento, trazida diretamente do Vale do Javari. 4. Aljava, estojo de dardos envenenados utilizados na zarabatana. 5. Aspecto e detalhe dos dardos com o veneno curare. 6. Detalhe de maxilar de piranha, utilizado para afiar as pontas dos dardos. Fotos: G. Henriques, mai. 2016.
A exposição foi uma iniciativa do MAC, tendo sido concebida e planejada pelo arqueólogo Gilmar Henriques, reúne sete painéis temáticos com textos adaptados da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil, editada pelo Instituto Socioambiental (ISA), os quais estão articulados com dezenas de fotos do acervo pessoal de Elisson C. Alves. Este acervo fotográfico retrata o dia a dia nas comunidades Matis e Marubo. Foi produzido ao longo de seis anos, período em que Elisson trabalhou periodicamente na TI Vale do Javari como enfermeiro da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

Com o passar do tempo, e em função desta convivência, ele ganhou vários presentes dos indígenas, doando ao MAC alguns artefatos (veja aqui) e cedendo outros especialmente para a realização desta exposição temporária, a qual apresenta: uma zarabatana com mais de três metros de comprimento e seu respectivo estojo de dardos envenenados com curare, uma borduna, um arco e duas flechas e uma máscara cerimonial de cerâmica, todos esses artefatos Matis, além de dois pequenos vasilhames cerâmicos e uma lança em peça única, inteiriça, feita sobre o cerne de uma palmeira, sendo esses artefatos Marubo.

A exposição conta com algumas armas artesanais ainda utilizadas pelos indígenas nos dias atuais. 7. Nela pode ser vista uma lança marubo fabricada sobre peça interiça, feita do cerne de uma palmácea. 8. Arco e flechas matis, ainda hoje utilizados em suas caçadas. 9. a 11. As armas contam com folhetos explicativos que trazem informações sobre a fabricação e o uso destes artefatos. Fotos: G. Henriques, mai. 2016.

A montagem desta exposição temporária foi muito oportuna para divulgar culturas indígenas de uma das áreas mais remotas do país para um público que teria reduzidas possibilidades de entrar em contato com tal tipo de conhecimento. Os povos Matis e Marubo, da Terra do Javari,  habitam o extremo oeste do Estado do Amazonas, que fica a uma distância em linha reta superior a 3.000 quilômetros da cidade de Pains e região. Exposições como essa, que possibilitem este tipo de intercâmbio, são muito importantes em um país de dimensões continentais como o nosso, no qual as pessoas em geral tem pouca consciência da dimensão e diversidade de nosso patrimônio cultural.

Faça o download de dois painéis da exposição!
Leia sobre a organização espacial das aldeias e as técnicas de construção das grandes casas comunais dos povos Matis e Marubo. Acompanha um folheto com dados para contato com o MAC, sua localização e horários de funcionamento.



Para saber mais:



Arisi, Bárbara M. Matis e Korubo: contato e índios isolados, relações entre povos no Vale do Javari, Amazônia. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Florianópolis: Centro de Filosofia e Ciências Humanas/UFSC, 2007. 148 p.
Chiara, Vilma. Armas: base para uma classificação. In: Ribeiro, B. (Coord.). Suma etnológica brasileira: tecnologia indígena. v. 2. Petrópolis: Vozes / Finep, 1986. p. 117-38.
Costa & Malhano. A habitação indígena brasileira. In: Ribeiro, B. (Coord.). Suma etnológica brasileira: tecnologia indígena. v. 2. Petrópolis: Vozes / Finep, 1986. p. 27-92.
Erikson, Philippe. Uma singular pluralidade: a etno-história Pano. In: Carneiro, M. (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Fapesp / Companhia das Letras / Sec. Mun. de Cultura de São Paulo, 1992. p. 239-52. 

SESAI - Secretaria Especial de Saúde Indígena
Centro de Trabalho Indigenista & Instituto Socioambiental. Saúde na Terra Indígena Vale do do Javari. Diagnóstico médico-antropológico: subsídios e recomendações para uma política de assistência. CTI / ISA, out. 2011. 134 p.

   

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Pains é tema do programa Viação Cipó

O patrimônio natural e cultural de Pains foi tema do programa televisivo Viação Cipó, do canal SBT/Alterosa. O programa abordou a história do município, suas cavernas, fazendas antigas, a culinária, nosso grupo de capoeira Legado do Alaor, o Parque Municipal Dona Ziza e a banda de música Santa Cecília.

O Viação Cipó também destacou a riqueza de nossa história indígena e arqueologia regional visitando o MAC (Bloco 2) e o sítio arqueológico Posse Grande (Bloco 3). O programa é exibido aos domingos às 10h:00, com reprise aos sábados às 08h:30.








sábado, 10 de dezembro de 2016

I Simpósio de Arqueologia dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri



Site será lançado esta semana.
Palestra Magna será ministrada pelo Prof. André Prous, UFMG.
Palestra de encerramento pela Profa. Fabíola Silva, USP.
Em breve serão divulgadas as mesas-redondas e grupos de trabalho.
ALUNOS DE ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA, CIÊNCIAS SOCIAIS E ÁREAS CORRELATAS: IMPERDÍVEL!!!!

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) manifesta seu repúdio à PEC 65/2012

A Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) vem a público manifestar seu repúdio a Proposta de Emenda à Constituição 65/2015 que extingue o processo de licenciamento ambiental de obras públicas, colocando em risco o Patrimônio Arqueológico brasileiro, impactando as populações indígenas, quilombolas e tradicionais do Brasil.

Com a justificativa de “para assegurar a continuidade de obra pública após a concessão da licença ambiental”, o senador Acir Gurgacz (PDT/RO), propôs a PEC em dezembro de 2012 e seu parecer favorável, elaborado pelo senador Blairo Maggi (PR/MT), foi aprovado no dia 27/04/2016 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado (CCJ).

A proposta segue para a apreciação no plenário do Senado, onde ainda pode sofrer alterações.

Em face a tragédia de Mariana que marcará para sempre o Brasil, a SAB acredita que suprimir a exigência do licenciamento ambiental em obras públicas acabará deixando ainda mais suscetíveis a tragédias como a de 2015, ameaçando, da mesma maneira, o meio ambiente, o patrimônio arqueológico e as comunidades. À que custo aceleraremos obras no país? Ao final, essas obras representarão mesmo o desenvolvimento do Brasil ou no futuro lamentaremos outros desastres?

Dessa maneira, conclamamos os arqueólogos a votarem massivamente na pesquisa realizada pelo Senado a respeito da PEC 65/2012 e na petição do Avaaz:


Além das articulações com os senadores parceiros, SAB também está enviando cartas a cada um dos 81 senadores e à ouvidoria do Senado e pede para que seus sócios façam o mesmo. Envie mensagens contrárias à PEC 65/2012 à ouvidoria do Senado por meio do site http://www12.senado.leg.br/institucional/ouvidoria e mande e-mails aos senadores, os contatos podem ser encontrados em http://www.senado.gov.br/transparencia/LAI/secrh/parla_inter.pdf




Flávio Rizzi Calippo
Presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira
Gestão 2016 - 2017

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Modelo 3D para as pinturas do abrigo Posse Grande

G. Henriques

Fruto de uma parceria entre a empresa Rolling Drone Geotecnologias e o Museu Arqueológico do Carste (MAC), foi feito um modelo 3D (em três dimensões) do painel de pinturas rupestres do abrigo de Posse Grande, um sítio arqueológico localizado no Distrito de Corumbá, na divisa entre os Municípios de Arcos e Pains - MG. Talvez o sítio arqueológico mais significativo em termos de quantidade e diversidade de grafismos rupestres de todo o Carste do Alto São Francisco, território que ocupa uma área com cerca de 1.500 km².

Seu painel de pinturas rupestres apresenta centenas de figurações. Os temas representados são majoritariamente zoomorfos (animais), seguidos de figuras abstratas e antropomorfos (humanas). As cores predominantes são o vermelho, o amarelo e o branco.

Os temas representados alinham estas pinturas com a Tradição Planalto, a qual tem ampla dispersão no Planalto Central. Mas o fator que as destoa de registros semelhantes em outras regiões é a combinação de duas cores contrastantes, além da utilização de preenchimentos elaborados. Esta forma de tratamento colorido evoca a Tradição São Francisco, presente em todo o vale do rio homônimo.

Essas pinturas podem ser interpretadas como representações ritualísticas de passagens do cotidiano de grupos caçadores-coletores do Período Arcaico, que teriam ocupado a região entre 9.000 e 7.000 anos atrás. As representações de cervídeos flechados, por exemplo, evocariam cenas de caça. As figuras humanas poderiam estar representando tanto indivíduos com pintura corporal, quanto divindades mitológicas.

Clique na imagem para ampliar. 1. Painel principal com pinturas rupestres, sítio arqueológico Posse Grande. 2 e 3. Operação do drone para o levantamento fotogramétrico, que consiste na captação sistemática de imagens.

O modelo 3D permite que qualquer pessoa, em qualquer parte do globo, a partir de um computador, possa fazer uma visita ao sítio arqueológico, contemplando as pinturas em um ambiente virtual que simula a tridimensionalidade do painel com alta fidelidade. É uma tremenda ferramenta de divulgação do patrimônio cultural arqueológico de nossa região, funcionando ainda como ferramenta de pesquisa tanto para estudantes quanto para profissionais do meio.

Todo o trabalho de levantamento fotogramétrico e elaboração do modelo 3D foi feito por Paulo Rodrigo Simões, da Rolling Drone Geotecnologias. O MAC forneceu acesso a seu acervo e assessoria técnica através do arqueólogo da instituição, Gilmar Henriques, que municiou o modelo com informações e textos sobre o sítio arqueológico e seu registro pictural.

Para ver o Modelo 3D do sítio arqueológico Posse Grande em português clique aqui.

Para ver o Modelo 3D do sítio arqueológico Posse Grande em inglês clique aqui.