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domingo, 11 de setembro de 2011

Alerta de incêndios leva Bombeiros a priorizar locais onde há pessoas e áreas de preservação

Mais da metade dos 853 municípios mineiros está em alto nível de alerta contra incêndios

Valquiria Lopes  
Mateus Parreiras

No estado onde mais da metade dos 853 municípios corre risco crítico de arder em chamas, segundo boletim do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgado nessa sexta-feira, as notícias anunciadas por quem tem a responsabilidade de atuar no combate às chamas em Minas não são animadoras. O Corpo de Bombeiros admitiu nessa sexta-feira que está trabalhando no limite da capacidade de resposta às ocorrências de incêndios e queimadas e que passou a priorizar locais onde o fogo põe pessoas em risco e há áreas de preservação ambiental. A decisão foi tomada mesmo depois de o efetivo operacional de 3,6 mil homens que atua no estado ter recebido reforço de 20% dos 2,1 mil funcionários do setor administrativo, o que representa 420 combatentes.
A convocação não é inédita na história da corporação, mas, de acordo com o capitão Frederico Pascoal, assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros, se diferencia de outros anos por não ser suficiente para atender toda a demanda de chamados diários. Apesar de afirmar que a situação deve se manter, o capitão alertou que ocorrências de combate a incêndio em vegetação podem até mesmo deixar de ser atendidas ou ter que esperar um pouco mais de tempo. 
 
Com base em análises de satélites, são 452 cidades mineiras com o mais alto nível de alerta contra queimadas. Bombeiros trabalham com todo o efetivo

Conforme o levantamento do Inpe, feito com base em análises de satélites, são 452 cidades mineiras com o mais alto nível de alerta contra queimadas. Isso corresponde a 53% do total do estado e a 25% dos 1.820 cidades brasileiras que enfrentam o mesmo problema. É como se uma de cada quatro localidades criticamente ameaçadas por incêndios estivesse em Minas, o maior índice do país. Os dois estados que registram mais municípios em ameaça crítica de incêndio, depois de Minas, são Bahia (399) e Mato Grosso (128).
As análises de satélite do Inpe confirmam os relatórios do Corpo de Bombeiros. Apesar de Minas ter registrado número menor de focos de calor entre janeiro e julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado – foram 5.501 contra 4.553 –, a média de ocorrências diárias de combate ao fogo atendidas somente na Grande BH desde a segunda quinzena de agosto até agora já é recordista nos últimos quatro anos. O levantamento se refere ao combate ao fogo em lotes vagos e unidades de conservação ambiental no período considerado crítico da seca. De acordo com os números, a média de atendimentos diários do período chegou a 29 neste ano contra 17, em 2010. O aumento é de 70%. “Fora da época de seca são cerca de três ocorrências por dia e, nos primeiros meses do período de estiagem, chega a 14 ocorrências diárias. Mas os números se elevaram de forma abrupta e atingiram o ápice da nossa capacidade operacional”, afirma Pascoal.
“Esse aumento significativo tem relação com o último período chuvoso, que foi prolongado e fez com que a vegetação crescesse muito. Por outro lado, os índices de umidade relativa do ar estão batendo recordes de queda e isso afeta diretamente o combate. Com o tempo mais seco, as chances de um incêndio ocorrer são ainda maiores”, explica.

Descanso
Mesmo com o reforço de cerca de 3 mil brigadistas formados desde 2009 pelo Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncêndio), o trabalho ainda tem sido muito desgastante para os combatentes do Corpo de Bombeiros, conforme o capitão. “Chegamos ao topo e temos que respeitar o cansaço dos militares e os horários de folga deles. Os deslocamentos durante o trabalho são grandes, as condições de relevo são desfavoráveis e o trabalho exige força. Precisamos preservá-los para que tenham condição de voltar ao trabalho após a folga”, diz.
A subsecretária de Estado de Meio Ambiente, Marília Melo, confirma que a situação em Minas é realmente crítica em relação ao combate a incêndios e que a capacidade de atendimento dos brigadistas que reforçam o trabalho dos bombeiros também atingiu o limite. No entanto, ela não acredita que a situação fuja do controle operacional.
Publicado no Estado de Minas em 10/09/2011 06:00 Atualização: 10/09/2011 09:01

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