Publicado no jornal Hoje em Dia em 7/02/2012 - 08:33
Pesquisadores da UFMG voltam de viagem ao continente gelado, onde buscam nova versão para ocupação da Antártida
Franciele Xavier
Pesquisadores da UFMG voltam de viagem ao continente gelado, onde buscam nova versão para ocupação da Antártida
Franciele Xavier
Objetos colhidos vão ajudar equipe a contar a história sob a perspectiva dos afazeres cotidianos. Foto: Frederico Haikal. |
O continente gelado nada tem a ver com o clima tropical do Brasil, mas um dos objetivos dos estudos arqueológicos conduzidos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) na Antártica é mostrar a capacidade da pesquisa brasileira, principalmente em um território transnacional, explorado pela comunidade científica de vários países, e de onde os pesquisadores chegaram no último dia 2.
Há três anos, uma equipe composta por historiadores, arqueólogos, geógrafos e antropólogos embarca no navio Almirante Maximiano, da Marinha, enfrenta temperaturas abaixo de zero e paisagens sempre em transformação para coletar na Antártica todo o tipo de material que fazia parte da rotina de pesquisadores e exploradores que ocuparam o continente durante os séculos 18 e 19.
Entre o que já foi coletado estão fragmentos de cerâmica e de ossos de animais, sapatos (inclusive inteiros), cacos de vidro, estacas de madeira, garrotes, facas, cordas em bom estado de conservação, garrafas e barris de bebidas alcoólicas, peças de jogos de dama e cachimbos de cerâmica, além de outros elementos que caracterizam a existência de uma certa rotina, no local, durante esse período.
Com esse tipo de material, aumenta a chance de os pesquisadores proporem novas versões para o processo de ocupação da Antártida, de acordo com a expansão da economia global daquele tempo, já que se pretende construir uma história “alternativa” às oficiais.
A afirmação é de um dos responsáveis pela equipe da UFMG, o antropólogo Andres Zarankin, que garante estar no caminho certo das investigações. “A história oficial relata detalhes das grandes e pioneiras viagens exploratórias e é contada por capitães e grandes financiadores. O projeto pretende contar essa história sob a perspectiva das pessoas que se ocupavam dos afazeres cotidianos da exploração no próprio local, pois elas são mantidas invisíveis nas histórias oficiais, quando, na verdade, eram centrais no processo de ocupação”, explica.
Zarankin esclarece, ainda, que, naqueles séculos, empresas industriais competiam por mercadorias e insumos, que incluíam recursos marinhos, como as focas e baleias, muito encontradas na região pesquisada. “Por isso, o estudo também tem o objetivo de mostrar os erros que foram cometidos no passado para que hoje eles sejam evitados, como a aniquilação de animais a favor da exploração econômica”.
A viagem de 2012 durou 33 dias e, durante a expedição, foram descobertos mais quatro sítios arqueológicos, sendo que um deles está muito bem conservado. “Isso foi possível porque visitamos uma outra prospecção da ilha Livingstone, do arquipélago Shetlands do Sul. Fiquei impressionado com o bom estado de um dos sítios, e isso vai ajudar muito nas etapas futuras do processo, como na viagem do próximo ano. Será um passo muito importante”, afirma.
A previsão de chegada do material coletado durante a última expedição é para março deste ano. Devido à diferença de temperatura, para que continuem bem preservados no Brasil, o pesquisador explica que será necessária uma infraestrutura para manutenção de baixas temperaturas, assim como conservação e restauro especializado. “São os próximos desafios do projeto”, revela.
Com o apoio do Programa Antártico Brasileiro (ProAntar) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto tem pelo menos mais uma expedição prevista, pois será necessário continuar com os trabalhos de prospecção e escavação. “O simples fato de haver histórias não contadas sobre a presença humana no local já apresenta um desafio à arqueologia, e a visibilidade internacional do estudo antártico oferece oportunidade significativa para mostrar a capacidade da pesquisa e da comunidade científica brasileira”.
Há três anos, uma equipe composta por historiadores, arqueólogos, geógrafos e antropólogos embarca no navio Almirante Maximiano, da Marinha, enfrenta temperaturas abaixo de zero e paisagens sempre em transformação para coletar na Antártica todo o tipo de material que fazia parte da rotina de pesquisadores e exploradores que ocuparam o continente durante os séculos 18 e 19.
Entre o que já foi coletado estão fragmentos de cerâmica e de ossos de animais, sapatos (inclusive inteiros), cacos de vidro, estacas de madeira, garrotes, facas, cordas em bom estado de conservação, garrafas e barris de bebidas alcoólicas, peças de jogos de dama e cachimbos de cerâmica, além de outros elementos que caracterizam a existência de uma certa rotina, no local, durante esse período.
Com esse tipo de material, aumenta a chance de os pesquisadores proporem novas versões para o processo de ocupação da Antártida, de acordo com a expansão da economia global daquele tempo, já que se pretende construir uma história “alternativa” às oficiais.
A afirmação é de um dos responsáveis pela equipe da UFMG, o antropólogo Andres Zarankin, que garante estar no caminho certo das investigações. “A história oficial relata detalhes das grandes e pioneiras viagens exploratórias e é contada por capitães e grandes financiadores. O projeto pretende contar essa história sob a perspectiva das pessoas que se ocupavam dos afazeres cotidianos da exploração no próprio local, pois elas são mantidas invisíveis nas histórias oficiais, quando, na verdade, eram centrais no processo de ocupação”, explica.
Zarankin esclarece, ainda, que, naqueles séculos, empresas industriais competiam por mercadorias e insumos, que incluíam recursos marinhos, como as focas e baleias, muito encontradas na região pesquisada. “Por isso, o estudo também tem o objetivo de mostrar os erros que foram cometidos no passado para que hoje eles sejam evitados, como a aniquilação de animais a favor da exploração econômica”.
A viagem de 2012 durou 33 dias e, durante a expedição, foram descobertos mais quatro sítios arqueológicos, sendo que um deles está muito bem conservado. “Isso foi possível porque visitamos uma outra prospecção da ilha Livingstone, do arquipélago Shetlands do Sul. Fiquei impressionado com o bom estado de um dos sítios, e isso vai ajudar muito nas etapas futuras do processo, como na viagem do próximo ano. Será um passo muito importante”, afirma.
A previsão de chegada do material coletado durante a última expedição é para março deste ano. Devido à diferença de temperatura, para que continuem bem preservados no Brasil, o pesquisador explica que será necessária uma infraestrutura para manutenção de baixas temperaturas, assim como conservação e restauro especializado. “São os próximos desafios do projeto”, revela.
Com o apoio do Programa Antártico Brasileiro (ProAntar) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto tem pelo menos mais uma expedição prevista, pois será necessário continuar com os trabalhos de prospecção e escavação. “O simples fato de haver histórias não contadas sobre a presença humana no local já apresenta um desafio à arqueologia, e a visibilidade internacional do estudo antártico oferece oportunidade significativa para mostrar a capacidade da pesquisa e da comunidade científica brasileira”.
Fiquei maravilhada com a notícia, principalmente quando se refere ao ponto base dessa pesquisa, investigar o cotidiano daqueles que não aparecem nas histórias oficiais.
ResponderExcluirCreio que, isso venha agregar muito valor às pesquisas brasileiras.