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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Meninos do Contestado

Especial publicado no Estadão.
Às vésperas do centenário da guerra, o Estado apresenta uma investigação jornalística que traz as memórias de infância de três brasileiros que sobreviveram à maior rebelião civil do século 20
 
Arte/estadão.com.br
 
Para recontar a Guerra do Contestado (1912-1916), o repórter especial da Agência Estado Leonencio Nossa e o repórter fotográfico Celso Júnior consultaram 13 caixas de documentos militares produzidos durante o conflito. Mais de dois mil papéis e 87 fotografias foram reproduzidos.

Nossa e Celso Júnior - que no ano passado ganharam seis prêmios com o caderno especial Guerras Desconhecidas do Brasil, publicado pelo Estado em 19 de dezembro de 2010, outra reportagem investigativa com viés histórico - também consultaram coleções de periódicos da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro, e processos de terras dos cartórios de registros de Lebon Régis e Porto União, em Santa Catarina.

Foi com base na análise do acervo militar, em especial no olhar das crianças prisioneiras retratadas em antigas fotografias, que a reportagem do jornal percorreu cidades e povoados de Santa Catarina e do Paraná, num total de 8,5 mil quilômetros de estradas, para colher a versão cabocla da história e conhecer o legado deixado pelo conflito. Remanescentes da revolta e descendentes de rebeldes que lutaram contra os militares dão sua versão ou apresentam o imaginário popular dos fatos descritos em documentos militares. Eles falam também da vida atual. As impressões sobre a realidade do Contestado e a coleta de histórias orais foram obtidas em cem dias de trabalho de campo, além da análise das ações e repasses de verbas do governo para as cidades da região.

Para localizar as "crianças" do Contestado, o Estado recorreu a cinco rádios da região, sistemas de som de postes, blogs comunitários, pequenos jornais, comunidades religiosas e cartórios de registro civil de várias cidades.

As referências bibliográficas deste trabalho são os livros Lideranças do Contestado, de Paulo Pinheiro Machado, Messianismo e Conflito Social, de Maurício Vinhas de Queiroz, Contestado, a Guerra Cabocla, de Aureliano Pinto de Moura, e Guerra do Contestado: A Organização da Irmandade Cabocla, de Marli Auras.

Leia no Estadão  as reportagens:

Linha de trem chega ao Contestado, expulsa caboclos e dá início a uma guerra
O País no tempo do Contestado
Os personagens do Contestado
Para militares, jagunços não eram revolucionários e sim bandidos
'O pessoal ouvia de longe as cornetas', diz agricultora
Rio Negro, uma cidade dividida
Antes da chegada do general Setembrino, rebeldes obtiveram algumas vitórias
Esquecida, região ainda vive em clima de miséria
Contestado, a região Nordeste de Santa Catarina
Para os militares fanatismo, para rebeldes a salvação
O caso do mágico com a virgem
'Jagunços eram os pistoleiros da Lumber', diz radialista
Exército recorre aos 'vaqueanos' para terceirizar a batalha
Primeiro aviador de guerra brasileiro morre antes do ataque final
Enquanto companheiros se rendem, o rebelde Adeodato forma Santa Maria
Militares destroem o reduto de Tavares e cercam Santa Maria
'Um dia é pouco para eu contar tudo o que vivi', diz Maria Trindade Martins
Os motivos políticos da guerra: 'a terra não tinha valor'
Capitão comanda marcha de 10 dias
'Eu vivia bem quando tinha meu pai', diz Altino Bueno da Silva
Então jovens oficiais, Lott, Euclides e Dutra lutaram no Contestado
'Se um pai não dava a filha, eles matavam', diz Sebastiana Medeiros
'Implorou-me respeito à virgindade da mocinha', escreveu oficial
Após vitória, militares caçam líder dos rebeldes até a rendição
Só sobraram as costureiras e os meninos
Discriminação social marca geração pós-guerra
Um sonho difícil de realizar
Participação de negros no conflito reascendeu o ódio e trouxe de volta a época escravocrata
A polêmica união de Adeodato com Mariazinha
Nos anos 90, projeto de pesque e pague em Santa Maria fracassa
Sem médicos, famílias ainda recorrem aos 'mágicos'
Empresário norte-americano ficou milionário construindo ferrovias fantasmas
Depois de cem anos, os caboclos voltam para os trilhos
Exército conclui extermínio dos 'defensores' da monarquia
Líderes da repressão foram 'lavar roupa suja' em público
 

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