1. Artefatos matis e marubo expostos no MAC. Foto: G. Henriques, mai. 2016 |
Inaugurada em fevereiro de 2016 (veja aqui), a exposição temporária "Uma incursão pela Terra Indígena Vale do Javarí: os povos Matis e Marubo" recebeu mais de mil e trezentos visitantes ao longo do ano. Seu objetivo foi divulgar o patrimônio cultural indígena com foco em dois povos falantes de línguas da família Pano, e que vivem em uma das regiões mais remotas de nosso país.
A Terra Indígena Vale do Javari é a segunda maior área indígena do Brasil e está situada na região do alto Solimões, no sudoeste do estado do Amazonas, próxima à fronteira do Brasil com o Peru. Esta área foi reconhecida como Terra Indígena em 1999, demarcada fisicamente em 2000 e homologada em maio de 2001. Abrange áreas drenadas pelos rios Javari, Curuçá, Ituí, Itacoaí e Quixito, além dos altos cursos dos rios Jutaí e Jandiatuba, compreendendo terras dos municípios brasileiros de Atalaia do Norte, Benjamin Constant, São Paulo de Olivença e Jutaí.
A área ocupada pelos Matis é uma faixa que se estende do médio curso do rio Ituí, passando pelo alto curso do rio Coari, afluente da margem direita do Ituí, até o médio rio Branco, afluente da margem esquerda do rio Itacoaí. Já os Marubo vivem no alto curso dos rios Curuçá e Ituí. É uma região cheia de pequenas colinas, com cimos ligados entre si por cristas e cobertas pela floresta amazônica.
A exposição foi uma iniciativa do MAC, tendo sido concebida e planejada pelo arqueólogo Gilmar Henriques, reúne sete painéis temáticos com textos adaptados da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil, editada pelo Instituto Socioambiental (ISA), os quais estão articulados com dezenas de fotos do acervo pessoal de Elisson C. Alves. Este acervo fotográfico retrata o dia a dia nas comunidades Matis e Marubo. Foi produzido ao longo de seis anos, período em que Elisson trabalhou periodicamente na TI Vale do Javari como enfermeiro da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
Com o passar do tempo, e em função desta convivência, ele ganhou vários presentes dos indígenas, doando ao MAC alguns artefatos (veja aqui) e cedendo outros especialmente para a realização desta exposição temporária, a qual apresenta: uma zarabatana com mais de três metros de comprimento e seu respectivo estojo de dardos envenenados com curare, uma borduna, um arco e duas flechas e uma máscara cerimonial de cerâmica, todos esses artefatos Matis, além de dois pequenos vasilhames cerâmicos e uma lança em peça única, inteiriça, feita sobre o cerne de uma palmeira, sendo esses artefatos Marubo.
A montagem desta exposição temporária foi muito oportuna para divulgar culturas indígenas de uma das áreas mais remotas do país para um público que teria reduzidas possibilidades de entrar em contato com tal tipo de conhecimento. Os povos Matis e Marubo, da Terra do Javari, habitam o extremo oeste do Estado do Amazonas, que fica a uma distância em linha reta superior a 3.000 quilômetros da cidade de Pains e região. Exposições como essa, que possibilitem este tipo de intercâmbio, são muito importantes em um país de dimensões continentais como o nosso, no qual as pessoas em geral tem pouca consciência da dimensão e diversidade de nosso patrimônio cultural.
Faça o download de dois painéis da exposição!
Leia sobre a organização espacial das aldeias e as técnicas de construção das grandes casas comunais dos povos Matis e Marubo. Acompanha um folheto com dados para contato com o MAC, sua localização e horários de funcionamento.
Para saber mais:
Para saber mais:
Arisi, Bárbara M. Matis e Korubo: contato e índios isolados, relações entre povos no Vale do Javari, Amazônia. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. Florianópolis: Centro de Filosofia e Ciências Humanas/UFSC, 2007. 148 p.
Chiara, Vilma. Armas: base para uma classificação. In: Ribeiro, B. (Coord.). Suma etnológica brasileira: tecnologia indígena. v. 2. Petrópolis: Vozes / Finep, 1986. p. 117-38.
Costa & Malhano. A habitação indígena brasileira. In: Ribeiro, B. (Coord.). Suma etnológica brasileira: tecnologia indígena. v. 2. Petrópolis: Vozes / Finep, 1986. p. 27-92.
Erikson, Philippe. Uma singular pluralidade: a etno-história Pano. In: Carneiro, M. (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Fapesp / Companhia das Letras / Sec. Mun. de Cultura de São Paulo, 1992. p. 239-52.
SESAI - Secretaria Especial de Saúde Indígena
ISA. Diagnóstico que retrata a situação da saúde na Terra Indígena do Vale do Javari é entregue à Sesai.
Centro de Trabalho Indigenista & Instituto Socioambiental. Saúde na Terra Indígena Vale do do Javari. Diagnóstico médico-antropológico: subsídios e recomendações para uma política de assistência. CTI / ISA, out. 2011. 134 p.