Modelo 3D - Cálice funerário Jê

sábado, 24 de março de 2012

Terra se formou por colisão de vários tipos de meteoritos, dizem cientistas

Descoberta contraria informação de que apenas uma espécie de rocha havia originado o planeta
Publicado no Estadão.com.br em 23 de março de 2012 | 16h 32
Efe
PARIS - Uma equipe de cientistas franceses descobriu que a formação da Terra, contrariamente ao pensado até agora, não aconteceu pela colisão de um só tipo de meteorito, segundo informou nesta sexta-feira, 23, o Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS) da França.
 
Nova descoberta abre novos caminhos para a análise da origem do planeta. NASA/Divulgação.

O grupo de especialistas analisou isótopos de silício terrestre e outros materiais procedentes de diferentes condritas de enstatita, o tipo de meteorito mais frequente dos caídos no planeta. Esta nova descoberta, segundo o CNRS, não resolve de maneira completa a questão sobre a origem da Terra, mas abre uma via interessante de análise.

A suposição inicial de que a Terra surgiu a partir de um só tipo de condritas tinha sido consequência da "surpreendente semelhança" entre a composição isotópica das mostras terrestres analisadas e a dessas condritas. Mas no estudo viu-se que se o núcleo terrestre procedesse da soma de um único tipo de condrita a temperatura de formação do magma no centro do planeta seria de 1,5 mil graus Kelvin, muito inferior aos 3 mil graus que indicam os modelos anteriores.

A pesquisa, cujos resultados foram publicados nesta sexta também na revista científica Science, revela igualmente que os isótopos de silício medidos em rochas terrestres e lunares eram similares. Isto sugere, segundo as conclusões, que o material que compõe o corpo da Lua fez parte do núcleo terrestre antes de ela se formar, o que reforça a teoria que o satélite originou-se devido à colisão de um protoplaneta contra a Terra.
*     *     *
Assista a um documentário da rede BBC sobre a história do Planeta Terra. 
  
 
 
 
 
 

domingo, 18 de março de 2012

MP pode pedir que profetas de Congonhas deixem de ser Patrimônio da Humanidade

Publicado no jornal Estado de Minas em  12/03/2012 07:18 Atualização: 12/03/2012 07:53
 
A medida pode ser levada à Unesco se não for aprovado o projeto que impede o avanço da mineração na serra vizinha ao monumento
Simulação que apresenta os Profetas do Aleijadinho com o Morro do Engenho ao fundo. Investimento na mineração pode representar riscos ao patrimônio da humanidade. Clique na imagem para ampliar.
 
Caso os vereadores de Congonhas, na Região Central do estado, votem contra o projeto de lei que protege o Morro do Engenho, a cidade corre o risco de perder o título de Patrimônio da Humanidade. O coordenador da promotoria estadual de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Marcos Paulo de Souza Miranda, garante: “Vou pedir à Unesco que Congonhas perca o título de Patrimônio da Humanidade por descumprimento da convenção”.

Patrimônio mundial está nas mãos de 9 vereadores de Congonhas 
O Estado de Minas detalhou na edição desse domingo a disputa na cidade, que tem como centro a Câmara Municipal. Em maio, os vereadores vão votar o Projeto de Lei 027, de 2008, o primeiro de iniciativa popular da história do Legislativo local. O projeto limita a expansão da mineração no Morro do Engenho, parte da já tombada (e extremamente minerada) Serra da Casa de Pedra. O MPMG já preparou um laudo considerando inadmissível a expansão da mineração no morro e recomendou aos nove vereadores de Congonhas que sejam favoráveis ao projeto.

A grande opositora ao projeto é a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que pretende expandir a mineração no morro. A expansão é parte de um megainvestimento, estimado em R$ 11 bilhões, que também prevê a construção de uma usina siderúrgica, duas usinas de pelotização e um condomínio industrial. Quando concluídas todas as obras, a previsão da empresa é de que sejam gerados 20 mil empregos, entre diretos e indiretos, quase metade da população da cidade, de 48 mil habitantes.

A principal questão é que o Morro do Engenho compõe a paisagem da maior obra de Aleijadinho, os 12 profetas no adro da Basílica de Bom Jesus do Matosinhos, reconhecida desde 1985 como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O Santuário foi o quinto a ser reconhecido no Brasil. A primeira foi a cidade de Ouro Preto, em 1980. No total, o Brasil tem 17 patrimônios mundiais reconhecidos.

A posição do MPMG é, sobretudo, técnica”, ressalta o promotor Marcos Paulo. O laudo foi feito, de acordo com o promotor, para avaliar os valores ambientais e culturais da Serra da Casa de Pedra. “Ficou ressaltada uma relevância extrema”, afirma. Foram observados 29 pontos de captação de água, que são responsáveis por metade do abastecimento de água de Congonhas. Além disso, há vestígios históricos e presença dos biomas da mata atlântica e do cerrado.

Porém, o principal entrave para a expansão, segundo o promotor, é que a Serra da Casa de Pedra, sobretudo o Morro do Engenho, faz a moldura do conjunto projetado por Aleijadinho, considerado patrimônio nacional desde 1938 e mundial há 27 anos. “O país que tem um bem reconhecido precisa adotar uma série de medidas de proteção. Caso seja autorizada a expansão da mineração, o Brasil vai descumprir a convenção”, alerta o promotor.

Financiamento
Marcos Paulo lamenta que uma matéria que, na opinião dele, deveria ser técnica está ganhando um viés político. A reportagem do Estado de Minas ouviu sete dos nove vereadores de Congonhas. Apenas um se manifestou abertamente em defesa dos interesses da CSN e contrário ao parecer do MPMG: o presidente da casa, vereador Eduardo Matosinhos (PR). Matosinhos, assim como os outros oito vereadores da última legislatura, receberam dinheiro, como financiamento de campanha, da Galvasud S/A, empresa pertencente à CSN e hoje chamada de CSN/Porto Real.

Dos nove vereadores da legislatura passada, apenas três se reelegeram. Os outros dois, Adivar Barbosa (PSDB) e Anivaldo Coelho (PPS), garantem que vão votar com o projeto de iniciativa popular. Além deles, outro que garante o voto pela preservação do morro é o vereador Eládio (PV). Entretanto, outros três – Adeir Silva (PT), Neném da Carismática (PDT) e Edson Silva (PTdoB) – estão em cima do muro, aguardando o resultado de uma consultoria que será contratada pela Câmara, pois não consideram a recomendação do MPMG. Os outros dois vereadores – Feliciano Monteiro (PR) e Edilon Leite (PSDB) – não receberam a reportagem em seus gabinetes e também não retornaram as diversas tentativas de entrevista por telefone.

Perigos
De acordo com as regras da Unesco, a conservação do patrimônio mundial é um processo contínuo. “Se um país não cumpre as obrigações derivadas da convenção, da qual é Estado-parte, ele corre o risco de que organizações não governamentais, associações civis e outros grupos alertem o Comitê do Patrimônio Mundial sobre os possíveis perigos para os sítios. Nesse caso, se o alerta é justificado e o problema é bastante grave, o sítio também é incluído na lista do Patrimônio Mundial em Perigo”, informa a entidade.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de perder o título da Unesco, o prefeito de Congonhas, Anderson Cabido (PT), que também é presidente da Associação dos Municípios Mineradores do Brasil, primeiramente considerou que esse assunto é muito sério para ser debatido na imprensa, mas depois afirmou: “Não tem chance nenhuma de isso ocorrer. Não altera a paisagem nesse ponto que está sendo falado”.

Cabido entende que o promotor Marcos Paulo está fazendo uma ameaça à cidade de Congonhas. “A serra vai chegar a uma alteração que possa comprometer a paisagem somente daqui a 30 anos”, vislumbra o prefeito. Na análise dele, se a riqueza ficar “lá embaixo (da terra) não vai se transformar em melhorias”. Questionado, mais uma vez, se o projeto da CSN pode alterar a forma do morro, o prefeito capitula: “Uma questão não tem jeito. A silhueta”. Porém, segundo ele, os outros possíveis prejuízos, como os 29 pontos de captação de água, serão preservados.
 

sexta-feira, 16 de março de 2012

Fósseis de espécie humana desconhecida são encontrados na China

Publicado no jornal Estado de Minas em 14/03/2012 17:01 Atualização: 15/03/2012 08:36  
AFP - Agence France-Presse

WASHINGTON - Fósseis de pelo menos três indivíduos descobertos em uma caverna na China, e que datam da Idade da Pedra, pertenceriam a uma espécie humana até agora desconhecida, revelou um estudo publicado nesta quarta-feira nos Estados Unidos.

Os fósseis mostram que estes indivíduos tinham características anatômicas muito diferentes, uma mistura de traços humanos arcaicos e modernos, destacaram estes paleoantropólogos na revista científica americana PLoS One (Public Library of Science One).
 
Ilustração mostra provável aparência do povo descoberto: mistura de traços anatômicos do homem moderno e de espécies mais arcaicas. Clique na imagem para ampliar.

É a primeira vez que os restos de uma nova espécie que viveu em um período tão próximo ao atual são encontrados no leste da Ásia, disseram os especialistas, acrescentando que estes indivíduos viveram, em média, entre 11.500 e 14.500 anos.

Estes fósseis são um raro aporte a uma etapa da evolução humana recente e ao começo do povoamento da Ásia.

Este grupo é contemporâneo aos humanos modernos do começo da agricultura na China, uma das mais antigas do mundo, disseram os pesquisadores, liderados pelos professores Darren Curnoe, da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), em Sidney, Austrália, e Ji Xueping, do Instituto de Arqueologia de Yunnan (sul da China).

Os paleoantropólogos foram cautelosos, contudo, em relação à classificação destes fósseis, devido ao incomum mosaico de características anatômicas que revelam.

"Estes novos fósseis poderiam ser de uma espécie até agora desconhecida, uma que sobreviveu até o final da Era do Gelo há cerca de 11 mil anos", disse Curnoe.

"Também poderiam descender das tribos de humanos modernos desconhecidos até agora, que emigraram da África muito antes e que não contribuíram geneticamente a populações modernas", acrescentou.

Os fósseis, que incluem crânios e dentes de, pelo menos, três pessoas, foram encontrados em 1989 em Maludong, ou Cova do Cervo Vermelho, na província de Yunnan, mas não foram estudados até 2008.

Um quarto esqueleto parcial tinha sido encontrado em 1979 em uma caverna no povoado de Longlin, na vizinha Região Autônoma Zhuang de Guangxi, mas permaneceu incrustado na rocha até ser finalmente extraído em 2009.

"Este descobrimento abre um novo capítulo na história da evolução humana - o capítulo da Ásia - e é uma história que apenas começa a ser contada", disse Curnoe.
 
*     *     *
 
 Veja um vídeo sobre o achado:

 

quarta-feira, 14 de março de 2012

SBPC e ABC alertam, mais uma vez, para as consequências da reforma no Código Florestal

Publicado no ISA em 27/02/2012 12:10
 
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) acabam de divulgar uma carta na qual alertam para algumas das consequências que poderão resultar da reforma no Código Florestal (CF), na versão aprovada pelo Senado e que deverá voltar à Câmara dos Deputados no início de março. Embora reconheçam avanços no texto aprovado pelo Senado, as instituições apontam graves problemas na proposta. Leia o texto na íntegra.


CARTA ABERTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA (SBPC) E DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS (ABC)

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) vêm alertar para algumas das consequências que poderão resultar do projeto de lei que altera o Código Florestal (CF), na versão que será proximamente votada na Câmara dos Deputados.

A SBPC e a ABC reconhecem os avanços contidos no texto do CF na versão apresentada pelo Senado Federal, em particular o estabelecimento do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e dos mecanismos de apoio e incentivo à conservação e recuperação do meio ambiente, o condicionamento do crédito agrícola à regularização ambiental, o aumento da proteção ambiental em área urbana, a inclusão dos mangues entre as áreas de preservação permanente, a obrigação de projetos de lei específicos para cada bioma em um prazo de três anos, as novas especificações e instrumentos legais que regulam o uso de fogo e o controle de incêndios e a distinção entre disposições permanentes e transitórias no CF.

Permanecem, no entanto, graves problemas. Para que não se alegue o aval da ciência ao texto ora em fase final de deliberação no legislativo, as associações mais representativas da comunidade científica – a SBPC e a ABC - vêm novamente se manifestar e reiterar suas posições, cujas justificativas científicas já foram apresentadas ao longo de 2011, em um livro e dois documentos, acessíveis no site da SBPC (www.codigoflorestal.sbpcnet.org.br).

Todas as áreas de preservação permanente (APP) nas margens de cursos d’água e nascentes devem ser preservadas e, quando degradadas, devem ter sua vegetação integralmente restaurada. A área das APPs, que deve ser obrigatoriamente recuperada, foi reduzida em 50% no texto atual.

As APPs de margens de cursos d’água devem continuar a ser demarcadas, como foram até hoje, a partir do nível mais alto da cheia do rio. A substituição do leito maior do rio pelo leito regular para a definição das APPs torna vulneráveis amplas áreas úmidas em todo o país, particularmente, na Amazônia e no Pantanal. Essas áreas são importantes provedoras de serviços ecossistêmicos, principalmente, a proteção de nossos recursos hídricos e por isso, objeto de tratados internacionais de que o Brasil é signatário, como a Convenção de Ramsar (Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional).

Reafirmamos que os usos agrícolas praticados pelas comunidades tradicionais e por ribeirinhos devem ter tratamento diferenciado. Em particular, as áreas de pousio devem continuar , sendo reconhecidas apenas à pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional, como foram até o presente.

As comunidades biológicas, as estruturas e as funções ecossistêmicas das APPs e das reservas legais são distintas. Não faz sentido incluir APPs no cômputo das Reservas Legais (RLs) como proposto no artigo 16 do Projeto de Lei .

A SBPC e a ABC sempre defenderam que a eventual compensação de déficit de RL fosse feita nas áreas mais próximas possíveis da propriedade, dentro do mesmo ecossistema, de preferência na mesma microbacia ou bacia hidrográfica. No entanto o projeto em tramitação torna mais ampla a possibilidade de compensação de RL no âmbito do mesmo bioma, o que não assegura a equivalência ecológica de composição, de estrutura e de função. Mantido esse dispositivo, sua regulamentação deveria exigir tal equivalência e estipular uma distância máxima da área a ser compensada, para que se mantenham os serviços ecossistêmicos regionais.

A principal motivação que justifica a RL é o uso sustentável dos recursos naturais nas áreas de menor aptidão agrícola, o que possibilita conservação da biodiversidade nativa com aproveitamento econômico, além da diversificação da produção. Por isso, na recuperação das RLs degradadas, o possível uso temporário inicial de espécies exóticas não pode se transformar em uso definitivo, como fica assegurado pelo texto atual.

A figura de áreas rurais consolidadas em APPs até a data de 22 de Julho de 2008, e a possibilidade dada no projeto de serem mantidas e regularizadas não se justificam. Desde pelo menos 2001, o desmate dessas áreas para uso alternativo do solo já estava explicitamente proibido. Essas áreas devem ser integralmente restauradas com vegetação nativa para que possam fornecer seus serviços ambientais.

Um dos pré-requisitos para o sucesso da restauração da mata ciliar é o isolamento do fator de degradação. Desse modo, recuperar a faixa marginal concomitantemente com a utilização do espaço pelo gado, como fica permitido pelo artigo 62, parágrafo 4º, 5º, 7º e 8º impede os processos de recrutamento de mudas e regeneração da vegetação.

Finalmente, como em várias outras leis, as múltiplas exceções podem desvirtuar a regra. Alguns exemplos são particularmente notáveis. Embora os mangues estejam protegidos no texto do Senado, a permissão de exploração de 35% dos mangues fora da Amazônia (além dos que já estariam em áreas ditas “consolidadas”) e 10% na Amazônia são preocupantes pois os mangues, entre outros serviços importantíssimos, são essenciais na reprodução de várias espécies de peixes de uso comercial.

Outra exceção à proteção dos mangues se refere aqueles cuja função ecológica estiver comprometida. Nesse caso (art.8º, parágrafo 2º), autorizam-se obras habitacionais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda. Se a função ecológica do manguezal estiver comprometida, ela deve ser recuperada, uma vez que grande parte dos manguezais contaminados tem elevados índices de metais pesados e petróleo. Manter populações de baixa renda nesses locais seria imoral.

Outras exceções dizem respeito à obrigação de restaurar. O tratamento diferenciado de poder restaurar extensão menor de APPs deveria ser restrito à agricultura familiar. Em vista disto deveriam ser suprimidos os parágrafos 4º, 7º e 8º do artigo 62 do texto aprovado no Senado Federal.

Dadas as regras de tramitação de Projetos de Lei no Congresso Nacional, a maioria dos problemas apontados não vai poder mais ser corrigida no âmbito do Legislativo. São exceção uns poucos dispositivos para os quais uma supressão ainda é viável. Entre eles estão o artigo 16, o parágrafo 7º do artigo 13, os três parágrafos 4º, 7º e 8º do artigo 62 mencionados acima, e o parágrafo 3º do art.68 que diz respeito às espécies exóticas na recuperação das reservas legais. Maiores detalhes se encontram na Tabela anexada a este documento.

A reforma do Código Florestal Brasileiro, tal como vem sendo processada no Congresso, sob a influência de grupos de pressão setoriais, representa a desregulação do setor do agronegócio com sérios riscos para o meio ambiente e para a própria produção agrícola. A proteção de áreas naturais está sendo consideravelmente diminuída e perde-se assim a oportunidade de produzir alimentos com mais eficiência e com sustentabilidade ambiental, o que deveria ser o grande diferencial da agricultura brasileira.
 
*     *     *

Além da carta, a SBPC e a ABC divulgaram uma tabela comparativa com as principais propostas de alteração: como está no Código Florestal atual e como ficará.


Não é a primeira vez que SBPC e ABC se manifestam contra as alterações no Código Florestal. Leia no ISA:


1. Para pesquisadores proposta de modificação do Código Florestal contraria o conhecimento científico
2. SBPC e ABC propõem ao Senado mudanças no projeto de reforma do Código Florestal.
 

Dica do MAC

Todas as matérias desta página estão na forma de hipertextos. Geralmente, todas as palavras na cor vermelha são, na verdade, atalhos (links) que acionam a abertura de outras páginas na internet.

Amplie seu conhecimento, é só clicar!

Gravura rupestre mais antiga das Américas é descoberta no Brasil

Publicado no Terra em 23 de fevereiro de 2012 • 17h30 • atualizado às 17h53
Sugestão de Marcio Walter
  
Cientistas brasileiros descobriram no sítio arqueológico chamado Lapa do Santo, a 60 km de Belo Horizonte (MG), a gravura rupestre mais antiga do continente americano. A representação de um homem "desenhado" na pedra, com 30 cm de altura e 20 cm de largura, foi a primeira gravura arqueológica encontrada no local. O trabalho foi divulgado na revista PLos One.O líder do grupo de pesquisadores que encontraram a imagem, o arqueólogo do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) Walter Neves, conta que foi uma surpresa para a equipe encontrar a gravura, que estava abaixo de 4 m de sedimentos arqueológicos. Ela foi descoberta nos últimos momentos de escavação de determinada área do sítio arqueológico em julho de 2009.
"Depois disso, para descobrir a datação, foi um longo caminho. Obviamente, por conhecer o sítio que estávamos escavando, sabíamos que havíamos encontrado algo antigo, mas não sabíamos o quão antigo", relata o também arqueólogo Danilo Bernardo, coautor do trabalho. Ele conta que graças ao trabalho meticuloso ao longo das escavações, conseguiram selecionar amostras de carvão ao longo do processo para estabelecer os limites cronológicos do achado.

Segundo os autores, a imagem deve ter entre 9,5 mil e 10,5 mil anos. "Encontramos carvão embaixo e acima da gravura e, assim, conseguimos estimar a idade da representação por meio da datação por carbono-14", explica Neves. A datação por meio dos valores de carnono-14 dão pistas muito precisas sobre a idade dos objetos, pois este elemento diminui a um ritmo constante com o passar do tempo.
 

[Clique aqui para ler um artigo sobre a impermanência do Carbono-14 no website ceticismo aberto.]

A imagem
Foto: Acervo LEEH/Divulgação
O desenho na pedra mostra um antropomorfo (uma imagem de um homem) com a cabeça em forma de C, três dígitos nas mãos e o falo ereto. Danilo Bernardo lembra que entender o significado da manifestação artística de uma cultura antepassada é algo extremamente difícil. "Tradicionalmente, figuras como essa são compreendidas como tendo alguma relação com rituais, de fertilidade, por exemplo, mas, insisto em dizer, que acho essa interpretação muito complexa".

O achado dos pesquisadores brasileiros tem relevância especialmente sob dois aspectos: a dificuldade de se datar precisamente manifestações rupestres, em especial os petróglifos (imagens gravadas nas rochas), e o fortalecimento da ideia de que o Novo Mundo teria sido ocupado pelo homem em idades anteriores àquelas propostas pelos defensores do modelo Clóvis, no qual teria apenas uma via de entrada para os pioneiros - o estreito de Bering - e que esta chegada teria ocorrido há cerca de 12 mil anos.

Clique aqui para ver no Terra mais fotos da gravura rupestre e do sítio arqueológico Lapa do Santo.

Veja a entrevista do Prof. Walter Neves (LEEH/IB/USP) no Programa do Jô.

 

sábado, 10 de março de 2012

Análise de DNA indica que feijão surgiu no México

Publicado na Folha.com em 07/03/2012 - 10h16

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA E SAÚDE"

Até quem tem dificuldade em encarar a apimentada comida mexicana provavelmente enche seu prato com uma dádiva do México todos os dias. Trata-se do feijão (Phaseolus vulgaris).

É o que mostra um estudo na edição eletrônica da revista científica "PNAS", no qual o DNA de mais de uma centena de variedades de feijão foi comparado, em busca de pistas sobre a história da leguminosa mais consumida no Brasil e no mundo.

Até agora, arqueólogos e botânicos apostavam nos Andes como o berço do feijão, inferindo que, a partir da cadeia de montanhas, a planta teria sido levada tanto rumo ao norte, para a América Central e do Norte, quanto na direção sul, no Brasil.
 
Clique na imagem para ampliar. Editoria de Arte/Folhapress.
Era mais ou menos essa a distribuição do feijão doméstico antes de Colombo e Cabral, e a planta já era uma parte importante da dieta indígena em 1500.

Os Andes são um centro conhecido de origem de plantas domésticas importantes - a batata é originalmente uma iguaria andina. Mas havia evidências conflitantes apontando para o México no caso do feijão comum.

Para tirar essa dúvida, a equipe liderada por Roberto Papa, do Conselho de Pesquisa Agrícola da Itália, examinou cinco regiões do DNA de formas selvagens da planta.

Em geral, quando um ser vivo se espalha de uma região do planeta para outra, as áreas para onde ele vai abrigam menos diversidade genética do que as áreas de origem. É o caso do ser humano: os africanos são mais diversos geneticamente que os europeus, por exemplo.

DEZ MAIS

Foi essa diversidade aumentada (dez vezes maior), bem como a semelhança entre as linhagens andinas e as mexicanas, que apontou para o México como centro de origem da planta.

Um pesquisador brasileiro confessou à Folha ter ficado "muito feliz" com os resultados da nova pesquisa. Afinal, Fábio Oliveira Freitas, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, já havia identificado um possível elo dos feijões nativos do Brasil com o México e a América Central.

O dado veio à tona quando Freitas analisou amostras de feijão de um sítio arqueológico do norte de Minas Gerais, datadas de algum momento do século 17. Um gene desses feijões tinha mais semelhanças com a versão desse gene em amostras mexicanas.

Freitas explica que, embora os dados se refiram a formas selvagens do feijão, o mais provável é que as plantas tenham vindo do México para a América do Sul com um empurrãozinho humano.

"Principalmente nas fases iniciais da domesticação, é fácil a planta voltar para o estado selvagem", explica. "Um grupo indígena pode plantar uma roça e abandoná-la, o que favoreceria esse evento."

Freitas, porém, relativiza os achados, lembrando que a diversidade genética atual do feijão pode não ser um retrato preciso da origem da planta há milhares de anos. 
*     *     *
Veja a terceira parte do documentário "Genoma Humano" exibido pela TV Escola:

DNA de 'Homem de Gelo' revela problemas de saúde

Publicado no Estadão.com.br em 01 de março de 2012 | 8h 06
Foto: Samadelli Marco/EURAC
Ötzi, homem de 5,3 mil anos encontrado congelado nos Alpes, tinha problemas cardiovasculares e infecção bacteriana

Uma equipe de cientistas acaba de publicar a sequência de DNA quase completa de Ötzi, o 'Homem de Gelo', que viveu há 5,3 mil anos. Ele foi encontrado em 1991 nos Alpes italianos por caminhantes, na fronteira entre a Itália e a Áustria. Bem preservado, tornou-se um dos cadáveres mais estudados pela ciência.

Os pesquisadores já descobriram que Ötzi sofria de endurecimento nas artérias e tinha cáries, antes de morrer com uma flechada nas costas. "Gostaríamos de saber tanto quanto possível sobre as condições de vida, sobre ele mesmo e sobre as causas da morte. Tentamos reconstruir a cena do crime tanto quanto possível", diz Albert Zink, chefe do Instituto para Múmias e o Homem do Gelo em Bolzano, Itália, líder do estudo.

Em 2008, cientistas fizeram o sequenciamento completo do DNA de mitocôndrias de Ötzi. Havia mutações não encontradas em populações atuais, o que levou a especulações que ele teria pertencido a populações que desapareceram da Europa. Para ter um retrato mais completo dos ancestrais de Ötzi e seus traços genéticos, a equipe sequenciou o DNA do núcleo de células dos ossos pélvicos.

Os dados sugerem que Ötzi tinha olhos castanhos e sangue tipo O, e era intolerante à lactose. A equipe também descobriu variações genéticas relacionadas ao endurecimento das artérias, que poderiam facilitar os depósitos de cálcio encontrados em exames. "Ele não era obeso, era muito ativo e não tinha fortes fatores de risco para desenvolver calcificações no coração", diz Zink. "Talvez ele desenvolveu isso devido à predisposição genética".

O genoma de Ötzi também dá dicas sobre outros problemas de saúde: a equipe descobriu quase dois terços do genoma da Borrelia borgdorferi, uma bactéria que causa a doença de Lyme. Embora não haja outros sinais que denunciem a doença, os autores especulam que as tatuagens encontradas na coluna, nos tornozelos e atrás do joelho direito poderiam ser uma tentativa de combater dores articulares que ocorrem quando a doença não é tratada.
*     *     *
Confira a matéria "A saga revivida de Ötzi, o Homem do Gelo" publicada no ano de 2003 na Scientific American Brasil.
Não perca a segunda parte do documentário "Genoma Humano" exibido pela TV Escola:

quinta-feira, 8 de março de 2012

Análise de DNA reforça elo entre humanos e gorilas

Publicado na Folha de São Paulo em 08/03/2012 - 09h29
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO


Gorilas e humanos são mais parecidos do que se pensava, pelo menos geneticamente. O primeiro sequenciamento completo do DNA desses macacos revelou que alguns genes são mais parecidos entre humanos e gorilas do que entre nós e os chimpanzés, considerados nossos "parentes" mais próximos.

Para chegar a esse resultado, um força-tarefa de 71 pesquisadores de várias partes do mundo esmiuçou o genoma de Kamilah, uma gorila-comum-ocidental (Gorilla gorilla gorilla) de 31 anos, e comparou os resultados com os genes dos outros três grandes primatas: humanos, chimpanzés e orangotangos.

Foi a primeira vez que um levantamento tão abrangente foi feito e, segundo os cientistas, ele tem grande importância para ajudar a elucidar a evolução dos primatas e as nossas próprias origens.

A primeira surpresa veio na similaridade dos genes. Embora o DNA de humanos e chimpanzés seja, de uma maneira geral, bem mais parecido, 15% do genoma dos humanos é mais similar ao dos gorilas do que ao dos chimpanzés.

Nesse conjunto, destacam-se genes ligados ao desenvolvimento do cérebro e da audição, por exemplo.


De fato, é na audição que está uma das maiores similaridades externas entre humanos e gorilas. Nossas orelhas pequenas são bem mais parecidas com as deles do que com as dos chimpanzés.

Entre os genes ligados à audição, uma descoberta tem potencial para influenciar o estudo da fala.

Editoria de arte/Folhapres. Clique na imagem para ampliar.

Comumente apontado como um dos genes associados ao desenvolvimento da fala em humanos, o LOXHD1 se mostrou igualmente desenvolvido entre gorilas.

Para descobrir por que, ainda assim, humanos desenvolveram a fala e os gorilas, não, ainda há um longo caminho. Mas o trabalho já começa a dar pistas.

Em um artigo crítico que acompanha a pesquisa, publicado na revista "Nature", Richard Gibbs e Jeffrey Rogers, do Centro de Sequenciamento do Genoma Humano da Faculdade de Medicina de Baylor, em Houston, destacam os resultados.

"Esses novos dados sobre os gorilas sugerem que uma grande porção do genoma humano estava sob pressão da seleção positiva [sendo favorecida pela seleção natural] durante o período de isolamento inicial dos nossos parentes próximos", avaliam.

Segundo eles, os dados podem ajudar a reconstruir as pressões ambientais que moldaram a evolução humana.

SEPARAÇÃO

O trabalho também usou as informações genéticas para estimar em que período aconteceu a separação de cada uma das espécies de seu ancestral comum.

A separação dos orangotangos foi a primeira, há cerca de 14 milhões de anos. A dos gorilas teve lugar em torno de 10 milhões de anos atrás. Já a divisão entre humanos e chimpanzés foi mais recente, há aproximadamente 6 milhões de anos.

O trabalho analisou ainda a divisão entre as subespécies de gorilas. O grupo comparou o genoma de Kamilah com os genes de outros animais de sua subespécie e também de um gorila-oriental (Gorilla beringei graueri).

Embora haja evidências de que a separação tenha ocorrido 1,75 milhão de anos atrás, existem indícios de que houve troca de material genético mais recentemente.

Embora os gorilas estejam trazendo pistas sobre a nossa evolução, os humanos não estão colaborando com a deles. Diversas populações, sobretudo a dos gorilas-das-montanhas, estão em risco elevado de extinção devido à atividade humana.

*     *     *

Não perca o documentário sobre o Genoma Humano que foi exibido pela TV Escola. Segue abaixo a primeira parte:


Veja também este vídeo da organização Explore sobre o trabalho do biólogo Craig Sholley com os gorilas da montanha em Ruanda, na África.
 

quarta-feira, 7 de março de 2012

Você conhece Jesus Cristo?

Publicado na  Ciência Hoje On-line em 01/03/2012
 
A ressurreição de uma polêmica

Você conhece Jesus Cristo? As pessoas enterradas em uma tumba em Jerusalém podem ter conhecido e, inclusive, estado entre seus primeiros seguidores. É o que mostra a descoberta de um grupo da Universidade de Huntington, nos EUA, que, se confirmadas, podem ser os registros arqueológicos mais antigos do cristianismo – datados, no máximo, do ano 70.

O túmulo encontra-se em um sítio arqueológico descoberto há 30 anos, mas vedado a estudos mais profundos devido à ação de grupos religiosos – hoje existe, acredite, um prédio construído sobre ele, dificultando bastante o acesso ao túmulo, que só foi possível com o auxílio de um robô com câmeras.
 
Clique na imagem para ampliar.
 
O que mais chama atenção nas imagens divulgadas é um peixe esculpido em uma das urnas – o mais popular símbolo do cristianismo nos seus primeiros séculos. O animal aparece em um dos milagres atribuídos a Jesus e a tradução da palavra ‘peixe’ para o grego clássico é “ichthys” - um acrônimo para “Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador”. A imagem também alude à história bíblica de Jonas, que teria passado três dias dentro de um peixe gigante, em um sinal do poder de Deus e da ressurreição de Jesus.
 
Clique na imagem para ampliar.
 
Um dos motivos do interesse dos pesquisadores pela tumba foi sua proximidade com outra polêmica câmara mortuária, o famoso túmulo perdido de Jesus, que foi tema de um documentário produzido pelo cineasta James Cameron, muito criticado pela comunidade científica e religiosa.
 
Clique na imagem para ampliar.
 
Os pesquisadores acreditam que o local onde as câmaras mortuárias estão localizadas poderia ter pertencido a alguma família rica da época convertida ao cristianismo, como a de José de Arimateia, discípulo que, segundo a Bíblia, teria enterrado o corpo de Jesus.

Leia mais novidades sobre arqueologia no site da Ciência Hoje On-line.