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sábado, 30 de junho de 2012

Áreas inteiras de Mata Atlântica são liberadas para desmatamento em MG

Publicado no G1 Natureza em 21/06/2012 07h12 - Atualizado em 21/06/2012 07h12

Nos últimos dois anos, região desmatou cerca de 3 mil hectares de mata.
Apenas 7% da área nativa desse bioma ainda sobrevive à ação do homem.

Na mata fechada é possível encontrar clareiras e fornos de carvão ainda acesos. No norte de Minas Gerais, o chamado Triângulo do Desmatamento é considerado pela ONG SOS Mata Atlântica como a região que mais destruiu esse tipo de bioma no país.

O triângulo é formado pelos municípios de Jequitinhonha, Ponto dos Volantes e Águas Vermelhas. Nos últimos dois anos, a região desmatou cerca de 3 mil hectares de Mata Atlântica.

Na entrada do município a placa indica que Águas Vermelhas respeita o meio ambiente, mas o município foi responsável por quase 20% de todo o desmatamento em Minas Gerais entre 2010 e 2011.

A ONG usou imagens de satélite e fez sobrevoos. Márcia Hirota é diretora da SOS Mata Atlântica. As imagens servem de documento no relatório preparado pela fundação.

Parte de uma área no município de Águas Vermelhas, no norte de Minas Gerais, que há menos de um ano era ocupada por mata nativa já tem o plantio de eucalipto.

A lei 11.428, de 2006, deixa expresso que o corte de vegetação primária no Bioma Mata Atlântica só pode ser autorizado em caráter excepcional para obras de utilidade pública, pesquisa científica e práticas preservacionistas. No caso de matas em outros estágios de regeneração, caberá ao órgão estadual competente conceder a licença ambiental.

Não é difícil encontrar tratores derrubando e arrumando toras recém-cortadas. Trabalhadores de uma carvoaria que colocavam toras nos fornos confirmaram que retiraram a madeira de uma área de mata nativa. No local fica a fazenda Paty, que pertence ao fazendeiro Paulo Daniel Antunes Sposito, conhecido como Seu Dadá, que mora em Vitória da Conquista, na Bahia.

O fazendeiro Paulo Daniel Antunes Sposito não quis dar entrevista, mas por meio de nota informou que a propriedade foi o primeiro imóvel da região a conseguir autorização para a supressão da cobertura vegetal nativa com destoca para a produção de carvão vegetal nativo e o cultivo de eucalipto. Ele enviou ainda cópia dos documentos emitidos pela Secretária de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais. Um dos documentos, que vence em janeiro de 2014, permite a supressão de 50 hectares de mata nativa e outro para 90 hectares, que vence em agosto deste ano.

Em Minas Gerais, muitos fazendeiros têm licença para o desmate. Desde 2011, é a Supram, Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o órgão que concede as licenças no estado. O escritório regional do Alto Jequitinhonha, responsável pela atuação na região, fica em Diamantina, distante quase 500 quilômetros de Águas Vermelhas. Segundo a superintendente Eliana Piedade Machado, as autorizações são aprovadas por uma comissão formada por vários órgãos ambientais. De 2008 para cá, foram conseguidas 180 licenças de desmate na região, num total de 18 mil hectares.

“É uma região que tem um desenvolvimento socioeconômico muito precário. A gente tem que pensar também na realização de atividades econômicas. Por muitos anos, a economia local se baseou na cadeia produtiva do carvão. Hoje, a gente tem a citricultura chegando fortemente na região. É uma atividade econômica. A região precisa também se desenvolver. O grande desafio é conciliar esse desenvolvimento com a preservação ambiental”, justifica Eliana.

As autorizações concedidas no município de Águas Vermelhas se basearam na avaliação que as áreas são de Mata Atlântica Secundária, em estágio inicial de regeneração. Por isso, é exploração pode ser permitida. Para caracterizar o estado de uma vegetação são analisados fatores como o porte das árvores, a densidade das matas e a existência de espécies vegetais protegidas por lei.
  

terça-feira, 26 de junho de 2012

Mostra que reúne obras de Caravaggio e de seus discípulos está em cartaz na capital

Publicado no jornal Estado de Minas em 22/05/2012 14:55
Agência Estado

Obras importantes do pintor italiano ficam em exibição na casa Fiat de cultura de 22 de maio à 22 de julho [prorrogada!]

Após dois anos de negociações e três cancelamentos sucessivos, a mostra Caravaggio e seus seguidores finalmente é inaugurada no Brasil. A partir desta terça-feira, 22, e até 15 de julho, a exposição, que traz seis obras do pintor italiano Michelangelo Merisi da Caravaggio (1571-1610), entre elas, uma das duas versões de sua famosa Medusa, e o quadro São Jerônimo que escreve, pertencente, desde o século 17 à Galleria Borghese de Roma, é apresentada na Casa Fiat de Cultura de Belo Horizonte. Depois de Minas, as pinturas de Caravaggio e de 14 pintores caravaggescos, que se inspiraram no mestre precursor do barroco, serão exibidas em São Paulo, no Masp, de 26 de julho a 30 de setembro.

Um pintor que teve a genialidade reconhecida em vida, homem de temperamento "maldito", com sua história sempre contada de maneira romanceada. Apesar de mitos, um fato foi determinante em sua trajetória, o homicídio cometido por ele em 1606 em Roma, forçando-o a iniciar um processo de fuga de sua prisão e condenação à morte - Caravaggio deslocou-se para Nápoles, Malta e Sicília até morrer em circunstâncias ainda não claras em Porto Ercole. Mais do que ser o artista que desenvolveu como poucos a técnica do claro-escuro, conferindo uma beleza intensa de estilo e na escolha dos temas de suas telas, e de ser autor que promoveu experimentações pioneiras, Caravaggio "é um pintor que sabe o drama da existência e o vive e o coloca de maneira realista na sua obra, aproximando-a da realidade de sua vida", diz o curador italiano Giorgio Leone.

Logo na entrada da mostra, duas telas são a encarnação desse duo vida e obra. A principal pintura da mostra, São Jerônimo que escreve (1605-1606) - que representa o legado da relação do cardeal Camillo Borghese (que se tornou o papa Paulo V) - e São Francisco em meditação (1606), pertencente à Galleria Nazionale d’Arte Antica di Palazzo Barberini de Roma, têm em comum a figura da caveira, símbolo da morte. Na obra de São Jerônimo, o crânio é uma espécie de espelhamento do rosto do santo, que está "inacabado", como diz Giorgio Leone. "Creio que ele não conseguiu terminar a face porque teve de fugir de Roma", conta o curador. Já o São Francisco, "feito já em fuga", segura a caveira na mão, como se tivesse a consciência de seu fim.
   
São Jerônimo que escreve, importante obra do pintor, é uma das pinturas em exibição em Belo Horizonte.

Tanto São Jerônimo como São Francisco são obras que têm a autoria incontestada e histórica atribuída a Caravaggio, desde o século 17, mas as outras pinturas presentes na exposição representam caráter diferente. "A mostra trata dessa questão de autoria", afirma Leone. Para um quadro ser considerado um Caravaggio, deve constar em documentos históricos, corresponder ao estilo do artista e ter sido executado a partir de técnica típica do artista. "Duas obras da mostra, a Medusa Murtola, pertencente a colecionador privado, e Retrato do Cardeal Benedetto Giustiniani, são reconhecimentos recentes, respectivamente, de 2011 e 2010", conta o curador. "E temos duas outras pinturas cuja autoria de Caravaggio é controversa, um exemplar de São Francisco em Meditação pintado em Malta que, para mim, trata-se de uma cópia, e o quadro São Januário (do Museu Diocesano de Palestrina), que alguns estudiosos dizem não ser do pintor."

A mostra, feita com R$ 5,5 milhões incentivados e com recursos próprios da Fiat, depois de São Paulo deve seguir para o Museo Nacional de Bellas Artes de Buenos Aires, mas essa itinerância ainda não está confirmada.

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Assista a um documentário da rede BBC sobre a vida e obra de Caravaggio:

  
NEC SPE NEC METU

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Pinturas mais antigas do mundo têm 41 mil anos

Publicado na Folha de S. Paulo em 15/06/2012 - 14h10
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA E SAÚDE"
    
Pinturas em cavernas da Espanha têm pelo menos 41 mil anos de idade, fazendo delas os mais antigos exemplares dessa forma de arte no mundo. Mais importante ainda, a antiguidade das imagens pode indicar que os neandertais foram seus autores.

A hipótese, proposta pelo arqueólogo português João Zilhão, da Universidade de Barcelona, junto com colegas do Reino Unido, está em artigo na revista "Science". Se estiver correta - e os pesquisadores ainda estão longe de comprovar a ideia -, cai definitivamente por terra a ideia de que a mente neandertal era "inferior" à humana.

Tudo depende das datas. Por enquanto, as novas datações obtidas nas cavernas espanholas estão no limite do período em que os primeiros seres humanos modernos chegaram à Europa (enquanto os neandertais já ocupavam o continente 100 mil anos antes deles).

Por isso, é concebível que membros da espécie Homo sapiens, como nós, sejam os autores das imagens - discos e marcas de mãos, como as que uma criança faz quando coloca a mão sobre um papel e traça o contorno dos dedos com um lápis de cor.
   
Editoria de arte/folhapress. Clique na imagem para ampliar.

No entanto, conforme Zilhão lembrou em entrevista coletiva por telefone, trata-se de uma idade mínima. O que os pesquisadores dataram foi a capa calcária que recobria parte das imagensComo o mineral está por cima das pinturas, a única certeza é que se depositou lá depois do trabalho do artista, mas as imagens podem ter sido feitas bem antes.

Zilhão e seu colega Alistair Pike, da Universidade de Bristol, prometem agora obter mais datas, em outros sítios dentro e fora da Espanha.

Se alguma dessas datas for de 43 mil anos, por exemplo, quase certamente os autores das pinturas serão neandertais, diz Zilhão. "Com base no que descobrimos nos últimos anos sobre o comportamento deles, e o fato de que cruzaram com humanos modernos, não há por que duvidar que fossem capazes disso."
    
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Assista a um breve vídeo sobre as datações das pinturas rupestres:
    

 
Clique aqui e leia sobre pinturas rupestres atribuídas a neandertais no sul da Espanha.
   

Museu recebe a visita de estudantes de Arqueologia da UFMG

No dia 16 de maio o MAC recebeu a visita de quatro estudantes do curso de Antropologia / Arqueologia da Faculdade de Filosofia, Ciências Humanas e Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH / UFMG). A visita foi solicitada pelo Prof. Marcos Campello, que ministra a disciplina de Geologia para os estudantes. Durante todo o dia eles estiveram participando de atividades de análise da estratigrafia geológica de vários pontos situados entre as cidades de Belo Horizonte e de Pains - MG.

O último ponto foi o Parque Dona Ziza, aonde está sediado o MAC. No museu os estudantes e o Prof. Marcos participaram de uma visita guiada à exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", ao laboratório de arqueologia, à reserva técnica e assistiram a uma palestra sobre a a arqueologia regional e as ações do MAC, desde sua inauguração em 2010, ministrada pelo arqueólogo Gilmar Henriques. Os slides podem ser baixados através de um link no final desta matéria.

Clique na imagem para ampliar.

Clique aqui para baixar os slides de Gilmar Henriques sobre a Arqueologia regional e as ações do MAC.

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