O museu recebeu, no dia 19/07, a visita dos alunos do 1º período do Ensino Fundamental da Escola Municipal José Maria da Fonseca, da cidade de Pains. A atividade foi coordenada pela supervisora Imaculada e pelas professoras Lucilene, Inês e Karine.
Todo o grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", e assistiram - em nossa sala de audiovisual - a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, um exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido, e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí. Durante a exibição das fotos do Parque os alunos escutaram uma série de gravações de canções dos índios Xavante, que vivem no Estado do Mato Grosso.
Nos últimos três anos o Brasil vem ocupando o lugar de maior consumidor de agrotóxicos no mundo. Os impactos à saúde pública são amplos porque atingem vastos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores rurais, moradores do entorno de fazendas, além de todos nós que consumimos alimentos contaminados.
Diante desta situação, mais de 50 entidades nacionais se juntaram desde 2011 na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, que tem o objetivo de sensibilizar a população brasileira para os riscos que os agrotóxicos representam, e a partir daí tomar medidas para frear seu uso no Brasil.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos lançou um abaixo assinado para banir do nosso país os agrotóxicos já banidos em outros países. É inaceitável que o nosso país continue sendo a grande lixeira tóxica do planeta. Por isso colabore:
Processo de exumação e curadoria da urna funerária do sítio arqueológico Ninhal. Clique na imagem para ampliar.
Durante o mês de julho foi elaborada e executada, em sua primeira fase, a curadoria do acervo de ossos humanos da reserva técnica do museu. A primeira etapa de trabalhos, coordenada pelo arqueólogo Me. Rafael Bartolomucci no laboratório de arqueologia do MAC, contemplou uma urna funerária proveniente do sítio arqueológico Ninhal, localizado na zona rural do município de Iguatama - MG. Esta estrutura arqueológica foi encontrada, escavada e coletada no ano de 2007 por uma equipe do Setor de Arqueologia da UFMG e, em 2011, o MAC assumiu sua guarda museológica (clique aqui). Um dos primeiro resultados desta guarda foi a restauração de um vasilhame cerâmico em uma bela forma de cálice, o qual foi encontrado, completamente fragmentado, junto à urna funerária (clique aqui).
Clique na imagem para ampliar.
Pelo que foi possível observar dos restos esqueletais exumados, a pessoa foi colocada no interior da urna cerâmica com as costas apoiadas na parede do vasilhame, os joelhos fletidos envoltos pelos braços, como se estivesse sentada, com as pernas recolhidas e os joelhos próximos ao rosto. Segundo Bartolomucci a abertura da fossa pélvica (o osso da 'bacia') denota que a pessoa sepultada era, com grande grau de certeza, uma mulher. Há forte indícios, históricos e arqueológicos, de que o sepultamento foi feito por grupos indígenas vinculados à família linguística Jê, mas ele ainda não foi datado, sua idade pode recuar desde 300 até 1.000 anos antes do presente. Um dos objetivos deste estudo é coletar uma amostra do esqueleto para que seja feita sua datação radiocarbônica.
Na zona em que jazia o colo desta mulher foram encontradas centenas de contas, sementes cuja situação na qual foram inseridas no sepultamento não está ainda clara, podem ter integrado um artefato, como um maracá, ou ter composto um trançado ou tecido. Todo o interior da urna foi escavado e todo o material foi triado, registrado e depositado na reserva técnica do museu. O solo retirado foi peneirado, tendo sido coletadas amostras tanto para flotação quanto para testemunho e outras análises.
Assista a um vídeo que mostra um detalhe da exumação do esqueleto, ainda dentro da urna funerária.
Alunos do CRAS de Pains e Pimenta em visita ao museu. Clique na imagem para ampliar.
Nos dias 24 e 25 de julho o MAC recebeu a visita de membros do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) dos municípios de Pimenta e Pains - MG. As visitas foram organizadas pelo prof. de música Cleber Resende. Cada grupo participou de uma visita guiada à nossa exposição permanente, intitulada "Pré-histórica do Carste do Alto São Francisco: 12.000 anos a serem desvendados", assistiram
a uma mostra fotográfica sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, um exemplo de turismo científico e cultural a ser seguido, e que está localizado no sudeste do Estado do Piauí. A visita guiada contemplou ainda o laboratório de arqueologia, aonde os alunos puderam acompanhar a escavação de uma urna funerária e os trabalhos de curadoria em ossos humanos pré-históricos, feita pelo arqueólogo Me. Rafael Bartolomucci. Na sala de audiovisual o prof. Cleber Resende executou algumas peças musicais em flauta doce juntamente com seus alunos.
Assista a um breve vídeo gravado durante as aulas de música do Prof. Cleber Resende no MAC.
Projéteis de pedra do interior paulista de até 10 mil anos apresentam estilo diferente dos artefatos pré-históricos encontrados no Sul
Publicado na revista Pesquisa FAPESP MARCOS PIVETTA | Edição 194 - Abril de 2012
As pontas líticas de flecha ou de lança oriundas da Pré-história nacional estão concentradas na porção do território brasileiro que se estende do Rio Grande do Sul até a região de Rio Claro, no interior paulista. Independentemente de seu local de origem e de terem sido confeccionados cerca de 500 anos atrás, pouco antes da chegada do conquistador europeu, ou há longínquos 10 milênios, todos os projéteis de pedra resgatados nessa vasta área costumam ser rotulados como pertencentes à tradição Umbu, uma cultura arqueológica associada a antigos caçadores-coletores. No entanto, um estudo comparativo das características morfológicas (físicas) de mais de mil pontas provenientes dos três estados do Sul e de São Paulo rechaça essa classificação, considerada simplista demais, e fornece indícios de que os projéteis encontrados no interior paulista são diferentes dos resgatados na parte mais meridional do país.
Projéteis de Rio Claro (esquerda) e pontas do sul do país (direita). Foto: Léo Ramos. Clique na imagem para ampliar.
A maioria das pontas achadas nos arredores de Rio Claro, onde existe grande quantidade desses artefatos no interior paulista, tem o pedúnculo — cabo ou haste situada no lado oposto ao da superfície cortante — maior e mais afilado, com contornos similares aos da letra V, do que o das encontradas no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul. Os projéteis da porção austral do país tendem a apresentar essa parte com um formato bifurcado, semelhante a um pequeno rabo de peixe. Em São Paulo não há pontas desse tipo. “A função das pontas em ambas as regiões era a mesma, eram uma arma de caça”, afirma a arqueóloga Mercedes Okumura, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo(Mae-Usp), autora do estudo, que contou com uma bolsa de pós-doutorado do CNPq no início de suas pesquisas e hoje recebe apoio da FAPESP. “No entanto acreditamos que as formas do pedúnculo podem ser interpretadas como marcadores culturais, relacionados a grupos ou tribos distintas.”
Arte: Azeite de Leos. Clique na imagem para ampliar.
Se o design das pontas de pedra do Sul era diferente do das de São Paulo, é possível que os habitantes das duas áreas também não fossem exatamente iguais pelo menos do ponto de vista cultural. Os artefatos dos antigos caçadores-coletores do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina até poderiam ser rotulados como exemplares da tradição Umbu, mas o mesmo não se pode dizer dos projéteis encontrados no interior paulista, segundo a arqueóloga. Eles podem ter pertencido a um grupo com hábitos e tecnologia lítica distintos dos da tradição Umbu, dominante na ponta meridional do Brasil. “As pontas são um artefato complexo, que contêm informações sobre quem as fez”, diz o arqueólogo Astolfo Araujo, também do Mae-USP, que participa dos estudos de Mercedes. “Sua construção demanda muitas etapas e um longo processo de transmissão cultural. Aprender a fazer uma ponta demora anos.”
De acordo com dados de Mercedes, o corpo das pontas do Sul e de São Paulo apresenta tamanho semelhante. Em média, tem entre 2,5 e 3 centímetros. Essa medida leva em conta apenas a parte perfurante do projétil, sem incluir as dimensões do pendúculo. A diferença mesmo entre as pontas das duas regiões aparece quando se olha a forma e as dimensões do pedúnculo. Nas do Sul, a haste que serve de base para o lado cortante do artefato tende a medir entre 0,9 e 1,1 centímetro. Nas de São Paulo, apresenta quase o dobro de tamanho médio, por volta de 1,7 centímetro — e nunca é bifurcada, quase sempre é afilada. Além de estudar pontas da coleção Plynio Ayrosa do Mae, Mercedes visitou o acervo de outras nove universidades e também de colecionadores particulares do Sul e de São Paulo durante o ano passado para realizar o trabalho.
Graduada em biologia e com experiência na análise dos traços anatômicos de crânios e ossos da Pré-história nacional, a pesquisadora adaptou métodos estatísticos, quantitativos, já comumente empregados em estudos de evolução humana, em seu trabalho com os projéteis de pedra. “Como há poucos esqueletos humanos antigos encontrados no Sul e em São Paulo, resolvi estudar arfetados formais que esses povos faziam, como as pontas de pedra”, explica Mercedes. Munida de um paquímetro, instrumento utilizado para aferir com precisão pequenas distâncias, registrou as dimensões de 1.102 pontas. Foram medidos 131 projéteis de São Paulo, 170 do Paraná, 258 de Santa Catarina e 543 do Rio Grande do Sul. Os artefatos analisados provinham de 10 zonas com sítios arqueológicos: cinco em terras gaúchas (Maquiné, Santo Antônio, Caí, Ivoti e Taquari), três catarinenses (Taió, Urussanga e Santa Rosa), uma paranaense (Reserva) e uma paulista (Rio Claro).